domingo, 20 de outubro de 2019


Modelos com menos edições impressas diárias estão mais próximos das realidades dos jornais, diz Ken Doctor
 05 Agosto 2019

O mercado jornalístico está à beira de ver, talvez já em 2020 – segundo alguns analistas de mercado –, uma grande migração das edições diárias impressas dos jornais para o meio digital, diz Ken Doctor, da Newsonomics e analista da indústria de mídia. “A grande questão agora em muitas mesas corporativas é se o número certo de dias para serem cortados é cinco ou seis”, escreveu Doctor em artigo no Nieman Lab.
Há, segundo o especialista, o modelo 7/1, no qual as empresas mantém apenas o jornal impresso de domingo, onde a maior parte da receita de anúncios ainda é gerada, e o restante da produção apenas no meio online, dentro do mesmo conceito de mais profundidade nas reportagens, como é feito atualmente nas edições impressas. “Os jornais têm pressionado ofertas “Domingo + Digital” para os leitores barrados nos paywalls há anos, e você verá isso muito mais”. No Brasil, a Gazeta do Povo, do Paraná, adotou essa prática em 2017. O diário A Gazeta, do Espírito Santo, anunciou esta semana que fará o mesmo a partir de 30 de setembro deste ano.  
Outro modelo, diz Doctor, é 7/2, com circulação impressa aos domingos mais um dia de semana. “Talvez uma quarta-feira cheia de anúncios de supermercados (Esse é um fenômeno que permanece em alguns mercados, mas desapareceu em outros.)”, comenta. O formato mais conservador para a transformação do papel para o digital, de acordo com o analista, é o 7/6, como fez recentemente o grupo norte-americano McClatchy em seu jornal Myrtle Beach Sun News, da Carolina do Sul.
Esse modelo, afirma Doctor, economiza muito menos nos custos físicos (papel de jornal, impressão, caminhões e entrega, entre outros insumos e logística), mas é uma maneira de dar um passo no processo de transformação sem precisar “saltar” de uma só vez. “E é um teste: se você quebrar o laço de longa data entre o sol nascendo no leste e os jornais batendo na porta, será que suficientes anunciantes e assinantes o aceitarão para fazer a economia funcionar?”.
A mudança, entretanto, é complexa, ressalta Doctor. Permanecem incertas questões como: o tempo certo da mudança; execução; e o que essas empresas jornalísticas, seus leitores e suas comunidades ganharão e perderão na transição. Há ainda, entre muitos publishers, o medo que “haja algo de sagrado no hábito de sete dias” que há muito tempo une as empresas jornalísticas e seus assinantes mais fiéis.
Ken Herts, diretor de operações do Instituto Lenfest, resume o dilema da seguinte forma, segundo Doctor: “Muitos jornais são como barcos no topo das Cataratas do Niágara. Alguns têm mais poder para se afastar do que outros, e alguns estão mais perto da borda. Mas as fortes correntes de declínio da impressão afetam todas eles, e precisam se mover antes que seja tarde demais”.
De qualquer forma, Doctor listou algumas métricas que os publishers monitoram para saber qual modelo escolher e quando fazer isso:
·         É possível reter 80% ou mais da receita de anúncios impressos movendo os anunciantes da semana para o domingo e/ou outro dia?
·         Os jornais podem manter a receita de circulação praticamente estável enquanto reduzem substancialmente os custos? Nesses modelos, afirma Doctor, os assinantes normalmente pagam um pouco menos por menos dias do que pagaram por sete – mas não muito menos. Os editores pretendem manter entre 70% e 90% de sua receita de circulação de sete dias.
·         Podem melhorar seus ganhos/EBITDA em um múltiplo de um milhão de dólares por mercado?

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