Modelos com menos edições impressas
diárias estão mais próximos das realidades dos jornais, diz Ken Doctor
05 Agosto 2019
O mercado jornalístico está à beira de ver, talvez
já em 2020 – segundo alguns analistas de mercado –, uma grande migração das
edições diárias impressas dos jornais para o meio digital, diz Ken Doctor, da
Newsonomics e analista da indústria de mídia. “A grande questão agora em muitas
mesas corporativas é se o número certo de dias para serem cortados é cinco ou
seis”, escreveu Doctor em artigo no Nieman Lab.
Há, segundo o especialista, o modelo 7/1, no qual
as empresas mantém apenas o jornal impresso de domingo, onde a maior parte da
receita de anúncios ainda é gerada, e o restante da produção apenas no meio
online, dentro do mesmo conceito de mais profundidade nas reportagens, como é
feito atualmente nas edições impressas. “Os jornais têm pressionado ofertas
“Domingo + Digital” para os leitores barrados nos paywalls há anos, e você verá
isso muito mais”. No Brasil, a Gazeta do Povo, do Paraná, adotou essa prática
em 2017. O diário A Gazeta, do Espírito Santo, anunciou esta semana que fará o
mesmo a partir de 30 de setembro deste ano.
Outro modelo, diz Doctor, é 7/2, com circulação
impressa aos domingos mais um dia de semana. “Talvez uma quarta-feira cheia de
anúncios de supermercados (Esse é um fenômeno que permanece em alguns mercados,
mas desapareceu em outros.)”, comenta. O formato mais conservador para a
transformação do papel para o digital, de acordo com o analista, é o 7/6, como
fez recentemente o grupo norte-americano McClatchy em seu jornal Myrtle Beach
Sun News, da Carolina do Sul.
Esse modelo, afirma Doctor, economiza muito menos
nos custos físicos (papel de jornal, impressão, caminhões e entrega, entre
outros insumos e logística), mas é uma maneira de dar um passo no processo de
transformação sem precisar “saltar” de uma só vez. “E é um teste: se você
quebrar o laço de longa data entre o sol nascendo no leste e os jornais batendo
na porta, será que suficientes anunciantes e assinantes o aceitarão para fazer
a economia funcionar?”.
A mudança, entretanto, é complexa, ressalta Doctor.
Permanecem incertas questões como: o tempo certo da mudança; execução; e o que
essas empresas jornalísticas, seus leitores e suas comunidades ganharão e
perderão na transição. Há ainda, entre muitos publishers, o medo que “haja algo
de sagrado no hábito de sete dias” que há muito tempo une as empresas
jornalísticas e seus assinantes mais fiéis.
Ken Herts, diretor de operações do Instituto
Lenfest, resume o dilema da seguinte forma, segundo Doctor: “Muitos jornais são
como barcos no topo das Cataratas do Niágara. Alguns têm mais poder para se
afastar do que outros, e alguns estão mais perto da borda. Mas as fortes
correntes de declínio da impressão afetam todas eles, e precisam se mover antes
que seja tarde demais”.
De qualquer forma, Doctor listou algumas métricas
que os publishers monitoram para saber qual modelo escolher e quando fazer
isso:
·
É possível reter 80% ou mais da receita
de anúncios impressos movendo os anunciantes da semana para o domingo e/ou
outro dia?
·
Os jornais podem manter a receita de
circulação praticamente estável enquanto reduzem substancialmente os custos?
Nesses modelos, afirma Doctor, os assinantes normalmente pagam um pouco menos
por menos dias do que pagaram por sete – mas não muito menos. Os editores
pretendem manter entre 70% e 90% de sua receita de circulação de sete dias.
·
Podem melhorar seus ganhos/EBITDA em um
múltiplo de um milhão de dólares por mercado?
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