segunda-feira, 30 de agosto de 2021

 

“Podcast alavanca sustentabilidade do jornalismo”, diz Renata Lo Prete

À frente de “O Assunto”, que completa dois anos nesta quinta-feira, 26, âncora da Globo fala sobre as vantanges do áudio on demand

 

Bárbara Sacchitiello
26 de agosto de 2021

 

No dia 26 de agosto de 2019 o primeiro episódio do podcast “O Assunto”, que naquele dia passou a compor o portfólio de conteúdo do G1, trazia como tema as queimadas na região da Floresta Amazônica. Na ocasião, a jornalista e apresentadora do Jornal da Globo, Renata Lo Prete, conduziu entrevistas com a diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar, e com o repórter do Fantástico, Álvaro Pereira Júnior, a respeito da situação na região e de seus impactos no meio-ambiente.

Daquele dia em diante, Renata seguiu, diariamente, ancorando diversos temas do Brasil e no mundo para produzir um formato que, com o passar do tempo, foi ganhando mais popularidade entre o público brasileiro, sobretudo nos quase 18 meses de vivência sob a pandemia de Covid-19. Uma pesquisa realizada pela Globo junto à Kantar Ibope, que ouviu mais de mil pessoas, apontou que 57% delas passaram a consumir podcasts durante a pandemia. Quem já gostava do mercado, passou a dedicar ainda mais tempo a ele: 31% declararam que, durante o último ano e meio, passaram a ouvir mais podcasts.

Globo: pandemia eleva consumo de podcasts

 

Na visão de Renata Lo Prete, quando se viram obrigadas a se isolar, as pessoas encontraram nos podcasts uma forma de companhia. “A oralidade é a primeira forma de comunicação. Bebês identificam sons antes mesmo de nascer. Por falarem ao pé do ouvido, os podcasts conseguem criar uma relação de intimidade com o público”, diz a jornalista.

“O Assunto” completa dois anos com a marca de 60 milhões de downloads, segundo a Globo. A âncora do projeto vê no formato do áudio digital uma oportunidade de o público, sobretudo os mais jovens, ampliarem seu consumo de notícias. “O podcast é uma alavanca para a sustentabilidade da indústria jornalística. Não é só porque o formato passou a fazer parte da rotina de milhões de pessoas, mas porque uma parte expressiva dessa audiência é formada por jovens, que andavam distantes do consumo de notícias em formatos mais tradicionais”, acredita a jornalista.


Outro aspecto destacado por Renata é a facilidade de consumo que o formato apresenta, permitindo que as pessoas ouçam o episódio enquanto se dedicam a outras atividades. “O áudio on demand contorna as barreiras do espaço-tempo que outras mídias enfrentam. O vento está a favor dos podcasts”, acredita.

 

O desempenho de “O Assunto” acabou levando a Globo a incrementar os investimentos em áudio digital. Além de criar uma área específica para o formato em sua estrutura, liderada pelo head Guilherme Figueiredo, a empresa ampliou o investimento na produção de podcasts próprios sobre diversos assuntos, além de firmar parcerias com outras empresas produtoras, como o B9. De janeiro a julho, a Globo colocou no ar 22 podcasts produzidos em parcerias e, até o final do ano, a previsão era dobrar essa quantidade.

Para o futuro de “O Assunto”, Renata pontua que a produção de conteúdo enfrentará os mesmos desafios que exigem um grau cada vez mais alto de responsabilidade do jornalismo profissional por conta do cenário que se apresenta no horizonte, composto pelos traumas da pandemia, crise do desemprego, proximidade do ciclo eleitoral e os ataques que a democracia vem enfrentando. “Temos de redobrar no podcast os cuidados com a curadoria dos temas e dos entrevistados a fim de garantir pluralidade e densidade informativa. Cada minuto de ‘O Assunto’ tem de valer a pena para nosso ouvinte”, finaliza.

Fonte: Meio & Mensagem

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

 

Bolhas ideológicas das redes sociais e a comunicação das marcas

Algumas companhias já começam a incluir na gestão de reputação, o monitoramento e a análise dessas bolhas e seus influenciadores, mas existem questões a ser levadas em conta


18 de agosto de 2021

Há alguns anos presente no trabalho de comunicação corporativa, a gestão de reputação nas mídias digitais ganhou um novo patamar de complexidade com o surgimento das chamadas “bolhas ideológicas”.

Didaticamente exposta no documentário Dilema das Redes, a formação dessas bolhas vem impactando cada vez mais na maneira com que as empresas são avaliadas por diferentes públicos.

Teorias da comunicação, como Two Step Flow of Communication, revelam exatamente como se dá esse fluxo. Diferentemente do que ocorria antes da internet, a notícia hoje passa pelo “filtro” do líder de opinião até chegar às pessoas. São inúmeros os exemplos disso.


Marcas que se posicionam diante de pautas sociais e políticas não raramente vêm desencadeando reações intensas – negativas e positivas, a depender da bolha – quase sempre influenciadas pelos formadores de opinião.

Não é por acaso que, na Copa América, um grupo de empresas patrocinadoras desistiu de ativar suas marcas no torneio. Evidentemente, a escolha não se deu pelo receio da repercussão nas bolhas de informação digital, mas sim por uma decisão de desvincular sua imagem de polêmicas que surgiram dias antes do campeonato. No entanto, é uma prova de que algumas organizações já estão atentas a esses espaços e as discussões que ali acontecem.

O fenômeno das bolhas é especialmente sensível às empresas que têm compromissos relacionados ao ESG, ou atuam num setor mais propenso ao surgimento de crises ou, ainda, às que possuem um posicionamento focado em temas como diversidade e inclusão.

 

Para dar um passo além, algumas companhias já começam a incluir na rotina da gestão de reputação, o monitoramento e a análise dessas bolhas e seus influenciadores. Para isto, porém, existem questões que ser levadas em conta:


Mapeamento é fundamental

É importante estar atento ao que é dito sobre sua empresa, sobre o mercado e os seus concorrentes, mas é de igual importância saber filtrar o que faz ou não faz sentido em termos de tomada de decisão de negócio. Quem está te elogiando ou criticando? Por quais motivos? São perfis relevantes ou robôs? Relativizar e analisar é necessário para não se assustar com o barulho gerado pelas bolhas e agir de forma precipitada.

 

Posicionamento é compromisso

Empresas que se posicionam de forma genuína são naturalmente mais visadas pelas bolhas virtuais das redes sociais, para o bem e para o mal. Saiba que, ao se decidir por defender uma questão, será necessário lidar com críticas e elogios e que qualquer movimentação corporativa será acompanhada de perto.


Entenda o caminho para se conectar com seu público por meio de influenciadores das bolhas

Quais são os formadores de opinião que estão pautando assuntos relevantes para o seu negócio nas redes sociais? Quem são os principais difusores das mensagens? Com quem estão conectados?

As organizações não precisam – e nem conseguiriam – estar atentas a todas as discussões que acontecem em todas as bolhas. Por isso é importante definir e se concentrar nas pautas que importam para o seu negócio. O universo da internet é enorme, e acredite, existem bolhas virtuais dedicadas a qualquer assunto, ou a quase todos.

 

Use os dados a seu favor

Os dados viraram commodities. Ainda são poucas as empresas que descobriram o real potencial de usar inteligência de dados para ir além dos dados brutos e extrair insights estratégicos que ajudem a ter uma visão 360 da reputação da companhia.

As bolhas ideológicas das redes sociais são um fenômeno recente, e adquiriram especial relevância na era onde se espera um posicionamento das empresas e seus líderes. Como em qualquer situação nova, os profissionais de comunicação estão aprendendo a lidar com esse universo.

O fundamental é não ignorar a importância desses influenciadores de opinião das bolhas. Trazê-los para a estratégia de comunicação tende a ser, cada vez mais, o caminho para entender e se conectar com a sua audiência de maneira orgânica, fortalecendo o posicionamento da companhia.

 

Fonte: Meio & Mensagem

 

A inevitável e poderosa retomada da propaganda

Não se trata apenas de uma retomada no refluxo da pandemia, mas algo bem menos transitório ou pontual

 17 de agosto de 2021 - 14h25

 Quem me acompanha sabe que, há anos, não tenho papas na língua para criticar o que considero desnecessários deslizes da nossa indústria no que tange ao seu próprio futuro e à necessidade de renovação dos modelos de negócio do setor.

Pois aqui vou fazer exatamente o oposto. Não por outra razão que não um choque de realidade: a propaganda e o marketing ganham atualmente força inequívoca e vivem um momentum que merece nosso olhar. E nosso entusiasmo.

Todas as grandes holding companies da publicidade global reportaram publicamente ganhos no último quarter. Sem exceção.

Podemos considerar que o setor vinha de um momento delicado – e vinha – e que esses ganhos são de reposição de posições, sim, ok, porém, os indicadores que temos à vista mostram, aparentemente, que não se trata apenas de uma retomada no refluxo da pandemia, mas algo bem menos transitório ou pontual.

Há dados nefastos e preocupantes também, como o fato de as cinco grandes do setor terem demitido cerca de 22 mil pessoas nos últimos meses. No entanto, friamente e apenas analisando na ótica da gestão empresarial, enxugar quadros, em que pese o terrível aspecto humano e social indiscutivelmente envolvido, pode muitas vezes ser a tomada de decisão dura, mas necessária em busca da superação das adversidades e da sobrevivência, pela sustentabilidade maior do negócio. E dos outros centenas de milhares de empregos que essa indústria oferece e mantém.

Dois outros sinais que gostaria de acrescentar aqui me parecem dignos de destaque: Procter & Gamble e Coca-Cola.

A Coca-Cola Co. atribuiu seu crescimento de mercado e bons resultados financeiros do segundo semestre deste ano a uma duplicação dos gastos com marketing. Os ganhos foram significativos e surpreenderam os analistas de Wall Street.

O banco de investimentos Cowen, especialista norte-americano em previsões para empresas com ações em bolsa, projetava um crescimento de receita de 27% no segundo trimestre do líder mundial em participação de mercado em refrigerantes, mas a Coca-Cola registrou um crescimento de 41% no período encerrado em 2 de julho.

“Reuniões sociais mais frequentes e viagens crescentes e atividades de eventos levaram a uma demanda significativamente maior por nossas marcas em canais fora de casa – enquanto os volumes em casa permaneceram robustos, levando a ganhos de participação de base ampla no trimestre”, disse a analistas financeiros dias atrás o presidente e CEO James Quincey.

A empresa dobrou seus gastos com marketing em relação ao trimestre do ano anterior, de acordo com Quincey.

Outro indicador na mesma linha veio da Procter & Gamble.

A Procter & Gamble informou vendas líquidas de US$ 76,1 bilhões no período trimestral, um incremento de 7% em relação a 2020. O presidente e CEO da companhia David Taylor defendeu vigorosamente os gastos de marketing da empresa, que aumentaram US$ 850 milhões – 11,6% no ano fiscal – para US$ 8,18 bilhões, creditando a eles os resultados positivos da corporação.

Taylor foi adiante: atribuiu diretamente o crescimento da receita da P&G nos últimos cinco anos – um aumento de 2% a 6% ao ano – aos investimentos em marketing que divulgavam as inovações da empresa: “Você tem que ajudar os consumidores a entender o que é o produto, como usá-lo e, em seguida, ajuda a gerar consciência e julgamento. E esses investimentos fizeram isso”.

Já o diretor financeiro da companhia, Andre Shelton, advertiu que o mercado espere o aumento dos gastos com publicidade da P&G continuar: “Não chegamos ao ponto de diminuir os retornos sobre esses investimentos. Portanto, continuaremos investindo em cerca de … 8% das vendas”, declarou.

 

Essas empresas – e podemos somar aí a P&G, como ficou registrado semanas atrás no Meio & Mensagem, em entrevista de Marc Pritchard, chief brand officer do maior anunciante global – estão todas hoje preocupadas com a assertividade e alta eficácia de cada centavo investido em marketing e comunicação. Muito mais do que sempre.

Todas arrocharam forte seus investimentos nos últimos anos, em busca da eliminação de desperdício e maior acuracidade na busca do ROI.

Shelton não deixou de observar esse aspecto, tendo declarado publicamente que prevê melhorias de produtividade significativas na eficácia do gasto de mídia “para melhorar a qualidade e a quantidade de alcance”, com base na “mudança para a mídia digital, capacidade de segmentação aprimorada com públicos primários ou de terceiros” e “a capacidade de aguçar nosso foco, mesmo nas audiências de TV com nossos próprios dados … Também estamos nos esforçando para melhorar os custos de produção e a estrutura da agência”, acrescentou.

Ou seja, olhando para todos os lados, em busca de mais em cada item do marketing mix.

Estamos agora vivendo um momento de retomada dos aportes porque as companhias percebem que o corte indefinido e recorrente das verbas de marketing são, no médio e longo prazos, um péssimo negócio. E que, ao contrário, se as verbas são precisas e administradas com excelência, sua eficácia é indiscutível.

A retomada das economias globais e esse mindset dos líderes de marketing em todo o mundo deverão constituir um cenário de retomada de propaganda em todo lugar. No Brasil, não terá por que ser diferente.

 

Fonte: Meio & Mensagem / Pyr

domingo, 15 de agosto de 2021

 

O mundo digital “pós-cookies”

Soluções sem cookies de terceiros têm se tornado opção para anunciantes e publishers que dependiam desses dados para segmentar seus anúncios

Amanda Schnaider
12 de agosto de 2021 - 6h00

 

No início deste ano, o Google anunciou que deixará de usar os cookies de terceiros para identificação dos usuários do Chrome e demais serviços da casa a partir de 2022, com o objetivo de aumentar a privacidade dos usuários. Em junho deste ano, porém, a big tech adiou o fim dos cookies para 2023. Segundo a companhia, o adiamento servirá para o Google ganhar mais tempo e alavancar “de forma responsável”. De olho nessa movimentação, outras empresas de tecnologia como a Verizon Media e a Adobe lançaram plataformas alternativas ao uso dos cookies de terceiros.

Fernando Teixeira, diretor de estratégia digital e soluções martech da Adobe Latam, e Thiago Bordignon, gerente de demand side platform da Verizon Media, relembram que apesar do adiamento do Google, outros navegadores, como Firefox e Safari, e até mesmo alguns aplicativos já não possuem suporte para cookies de terceiros. Para Teixeira, esse adiamento representa uma boa oportunidade para os anunciantes estudarem melhor seu próprio negócio e chegarem a um modelo ideal de marketing digital para a marca baseado na estratégia “first party”, aquela baseada nas relações diretas que possuem com seus clientes. “Assim, quando o suporte para cookies de terceiros encerrar, a companhia estará mais preparada para prosperar com um marketing digital relevante para os negócios e para seus consumidores”, ressalta, afirmando que os publishers também terão que se adaptar para aproveitar as oportunidades.

Na opinião de Francesco Simeone, chief growth officer global e gerente geral Brasil do Grupo Logan, a tendência de menos cookies não representará um problema para as estratégias de marketing. “Será um desafio estimulante que obrigará os profissionais a serem mais criativos e a uma parte do mercado de publishers de se atualizar e começar a usar formas de monitoramento adaptadas ao momento histórico e tecnológico que estamos vivendo”, completa.

De acordo com dados internos da Verizon Media, atualmente 30% das oportunidades de anúncios são sem identidade. Com o fim do uso de cookies de terceiros, a estimativa é que representem cerca de 75% de todas as oportunidades. Para os anunciantes, isso significa que o inventário segmentável se tornará mais caro, tornando-se essencial a busca de novas tecnologias e a adoção de soluções não dependentes de identidade, a fim de alcançar públicos e gerar receita com base na privacidade do usuário.

Verizon Media lança solução cookie-less

 

Uma dessas soluções foi lançada pela Verizon em maio deste ano. O Next-Gen, como é chamada, utiliza conteúdo e outros dados em tempo real, como clima, localização e tipos de dispositivos para alimentar algoritmos de machine-learning que permitem que as marcas se conectem com seus públicos mais relevantes sem a necessidade de cookies, IDs de aplicativos móveis, navegadores, armazenamento ou criação de perfis em nível de usuário. “O Next-Gen vem para atender a necessidade do consumidor que quer ter privacidade, que não quer ser identificado na maior parte das vezes, mas que quer receber anúncios que tenham relevância”, explica Bordignon, gerente de demand side platform da Verizon Media.

Além do Next-Gen, há algum tempo a Adobe também havia lançado a sua Real-Time Customer Data Platform (CDP) para apoiar as marcas a ativar dados de clientes a partir da união de dados conhecidos e desconhecidos, gerenciando todo o seu perfil e a sua jornada em um sistema único, alavancado pelos dados first party. O diretor de estratégia digital e soluções martech da Adobe Latam explica que a “plataforma possibilita que as empresas construam o perfil de um cliente potencial com base nas interações da marca de forma real-time, ou seja, assim que as interações acontecem. A partir daí pode oferecer em diversos canais o próximo melhor conteúdo, oferta ou experiência”.

A Logan, empresa de marketing móvel, criou a Zero Party Data. Segundo Simeone, a metodologia leva esse nome “porque são os dados que um cliente compartilha com uma marca de forma intencional e proativa, através zero intermediários e sem inferências, dados que podem incluir preferências, intenção de compra, contexto pessoal e a forma como a pessoa deseja ser reconhecida por determinada marca.

Google avança no plano de eliminação de cookies

 

Preparados para o fim?
Segundo relatório da Epsilon “Preparing for a world without third-party cookies”, realizado em 2020, 63% dos profissionais de marketing se sentem “desamparados e confusos” com essa mudança do Google, já, um levantamento da eConsultancy indica que apenas 36% acreditam que têm controle sobre o futuro sem cookies. Apesar disso, Fernando Teixeira, diretor de estratégia digital e soluções martech da Adobe Latam, entende que o mercado já entendeu que essa mudança é por uma boa razão. “Percebo que as grandes empresas já estão se movimentando no sentido de garantir maior transparência e responsabilidade no uso de dados de clientes”, enfatiza. Para Francesco Simeone, chief growth officer global e gerente geral Brasil do Grupo Logan, essa mudança terá dois vencedores, os consumidores que assumem a propriedade de sua privacidade e a também a indústria da publicidade sendo mais transparente com os consumidores.

“No fundo, isso é uma mudança da relação com o consumidor”, reforça Thiago Bordignon, gerente de demand side platform da Verizon Media. Segundo ele, o consumidor ficou mais consciente e a legislação, como a LGPD e GDPR, ajudou a empurrar essa mudança e os anunciantes vão ter que se adaptar para garantir uma saudabilidade. “Estamos saindo para um modelo onde basicamente nos apoiávamos em cookies para poder fazer targeting, mensuração, acompanhar a jornada desse consumidor, talvez seja o momento de não nos apoiarmos em uma única solução de novo”, completa.

 

Fonte: Meio& Mensagem / Próxima

terça-feira, 3 de agosto de 2021

 

Behavioral targeting amplia personalização no marketing

A tática, que visa rastrear o comportamento online de usuários, permite que marcas e veículos individualizem a audiência

Victória Navarro
23 de julho de 2021

Rastrear o comportamento online de usuários em uma URL ou páginas específicas; por meio de cookies, determinar o perfil dos visitantes; e, como consequência, oferecer conteúdo personalizado caracterizam a estratégia behavioral targeting. A tática permite que marcas e veículos individualizem a audiência, criem campanhas direcionadas, facilitem a experiência de navegação e saibam por onde seus possíveis leads trafegam. O behavioral targeting, que utiliza dados de comportamento de consumo, é capaz de tornar os anúncios mais relevantes para o público e direciona os holofotes para a segmentação de marketing, cada vez mais importante entre os profissionais de comunicação. Segundo dados da consultoria de gestão Brain & Company, divulgados em 2008 pela publicação Havard Business Review, 81% dos executivos acreditam que o método é crucial no aumento de lucros. Entretanto, menos de 25% consideram que suas empresas a usavam de forma eficaz.

O behavioral targeting dá às marcas a oportunidade de aumentar suas taxas de cliques, uma vez que um maior número de informações a respeito do cliente possibilita uma personalização mais assertiva de anúncios, ou seja, a publicação de comunicações criadas especificamente para diferentes perfis de consumidores. É, por meio do rastreamento, que as empresas conseguem saber quem são os usuários que engajam mais com determinados conteúdos. Ademais, com a tática, o consumidor pode ser atingido pelo remarketing, ao receber notificações ou lembretes personalizados sobre algum produto ou serviço de seu interesse. Isso faz com que se anuncie mais de uma vez para o usuário que já visitou o portal da marca ou demonstrou interesse pela empresa, ao abandonar, por exemplo, mercadoria no carrinho de compras do site.

 Segundo a Brain & Company, 81% dos executivos acreditam que o behavioral targeting é crucial no aumento de lucros

As DMPs (Data Management Platforms), plataformas de gerenciamento de dados, monitoram as páginas mais visitadas pelos usuários, a fim de detectar algum padrão de comportamento. O tempo dentro de um portal também é levado em conta. Ao monitorar os cliques em links, as marcas conseguem entender quais anúncios atraem os consumidores, quais os objetivos dos usuários quando navegam, por quais produtos se interessam e qual linguagem é a mais correta. As DMPs, ainda, são capazes de detectar as informações mais exploradas em serviços de busca. O histórico de compras também é rastreado. Os anunciantes, em alguns casos, utilizam esses dados para fazer estratégias de up selling — técnica de venda que busca oferecer um adicional ao produto ou serviço ofertado — e cross selling — venda de algum produto ou serviço que complementa a compra do cliente, com base em seus interesses.

Existem diversas empresas que fornecem dados de comportamento de usuários para ativação em mídia digital. “A grande maioria utiliza os famosos cookies de terceiros, para entender esse comportamento, além de metodologias proprietárias para criar suas audiências”, diz Tiago Vargas, CEO da Navegg, empresa de tecnologia em soluções de big data, DMP e web analytics. No Brasil, afirma Eduardo Honrado, diretor de marketing do Grupo Quality Brasil, o uso de behavioral targeting pelas marcas e pelos veículos tem crescido, sobretudo com o avanço de importantes e-commerces e marketplaces. Porém, adiciona, há um terreno enorme a ser explorado: “Existem grandes marcas e veículos que ainda se baseiam nas segmentações tradicionais, dados demográficos, geográficos e psicográficos, quase como um desdobramento das ações feitas no off-line. E, basta. Com isso, perdem a capacidade de otimizar seus investimentos e potencializar o retorno sob investimento”. O modelo, apesar de ser amplamente conhecido pela indústria, muitas vezes, não é utilizado pelas agências, afirma Tiago, pois é um pouco mais elaborado e demanda um conhecimento mais específico. “Para muitos, o behavioral targeting implica a necessidade de especialistas, tecnologias caríssimas e profissionais de business intelligence”, complementa Eduardo.


Anunciantes versus publishers


Tecnicamente, a estratégia de behavioral targeting é muito semelhante para anunciantes e para veículos, porém, na ativação é diferente. As marcas são mais específicas na definição das suas audiências, pois querem atingir os usuários que já interagiram com a marca de forma assertiva e personalizada. “Para os anunciantes, é uma poderosa ferramenta de segmentação personalizada de conteúdos, isto é, com uma alta customização da oferta de acordo com cada comportamento de usuário. Essa ação melhora o aproveitamento do budget e maximiza o resultado de indicadores-chave de desempenho, como taxa de clique e de engajamento, diminuição de bounce rate e, claro, aumento das conversões”, explica o diretor de marketing do Grupo Quality Brasil. Os publishers, por sua vez, precisam gerar audiências mais genéricas, para atender diversas marcas. “Para os veículos, é uma forma eficaz de ampliar o seu portfólio de negócios e atrair e fidelizar clientes, proporcionando um canal robusto que permite comunicações mais dirigidas, otimizadas e mensuráveis. Isso gera mais receita para os anunciantes, que, assim, tendem a investir mais. E, em paralelo, para os seus usuários, os veículos entregam conteúdos, cada vez mais, relevantes”, afirma Eduardo.

Entre os desafios de implementar uma estratégia de behavioral targeting, estão: encontrar a melhor tecnologia de rastreamento de dados, já que existem diversas plataformas disponíveis, inclusive gratuitas, mas, nem sempre intuitivas; a busca por profissionais dedicados à big data, uma vez que muitos profissionais de marketing digital não desbravaram este terreno; e como iniciar um plano de ação baseado nos dados obtidos. “Normalmente esse tipo de tática é mais complexa, demanda maior tempo e expertise para executar. Por isso, é menos utilizada”, diz o CEO da Navegg. É preciso definir quais comportamentos a marca acredita que sejam relevantes para campanhas. Na sequência, determinar como entender e capturar esse comportamento no mundo digital para ativação. Por último, implementar a coleta e ativação dessas audiências, entender os resultados e iterar, seguindo o modelo flywheel — focado em colocar todo esforço de marca na direção do cliente, para gerar uma melhor experiência em todos os pontos do contato –, que vem, cada vez mais, tomando o espaço do funil de marketing.

O mercado de martechs e adtechs vem aderindo a tática, diz Tiago. Existem tecnologias e empresas especializadas na captura, gerenciamento e disponibilização de audiências baseadas em comportamento. “É um caminho sem volta. Vivemos a era dos dados, portanto, aquele que souber os minerar e utilizar a seu favor, se destaca. Essas empresas perceberam, rapidamente, a necessidade de disponibilizar e aprimorar seus recursos de tageamento de usuários e customização de comunicação e automação. Tudo isso, levando em conta que, nos dias atuais, quanto mais assertivo o timing e a mensagem, melhor o resultado”, explica Eduardo. No entanto, com o fim dos cookies de terceiros, adiciona o executivo da Navegg, a assertividade dessas audiências irá reduzir e as martechs e adtechs assumirão a missão de evoluir suas soluções, para continuar entregando audiências comportamentais.

Fonte: Meio&Mensagem