domingo, 17 de maio de 2020

Circulação digital dos jornais cresce no trimestre

Folha, Estadão, O Globo e Valor Econômico registram crescimento na média de exemplares nos três primeiros meses de 2020


Os meses de janeiro, fevereiro e março de 2020 marcaram o crescimento da circulação digital dos maiores jornais do Brasil. De acordo com dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), a média da circulação digital de Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S.Paulo e Valor Econômico aumentou em relação ao primeiro trimestre de 2019.

Líder no ranking de exemplares digitais, a Folha saltou de uma média de 218.557 exemplares nos três primeiros meses do ano passado para 250.324 exemplares no início de 2020. Na segunda posição, O Globo viu sua circulação digital subir de 202.697 exemplares para uma média de 236.245 exemplares digitais.

O Estadão também cresceu, passando de uma circulação digital de 138.206, no ano passado, para 148.419. Especializado em economia e negócios, o Valor Econômico também registrou crescimento no período anual: foi de 61.111 exemplares para 81.103 exemplares.
Parte desses números pode ser explicada pela pandemia do novo coronavírus, que impulsionou a demanda por notícias e informações. Desde março, boa parte dos publishers começaram a divulgar um aumento na audiência de suas plataformas digitais, percepção corroborada pela Agência Nacional de Jornais (ANJ).


Fonte: Meio&Mensagem

NYT bate recorde de assinantes, mas prevê queda de publicidade

Jornal conquista 587 mil assinantes no primeiro trimestre do ano e afirma que publicidade deve cair 50% nos próximos meses


O New York Times conquistou 587 mil novas assinaturas digitais no primeiro trimestre do 2020. Esse foi o maior crescimento absoluto em toda a história do jornal estadunidense. Atualmente, a publicação conta com mais de cinco milhões de assinantes da versão digital.
Ao mesmo tempo, a companhia ultrapassou as estimativas do mercado e alcançou uma receita de US$ 443,6 milhões no primeiro trimestre, um crescimento de 1% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O faturamento com publicidade, entretanto, caiu 15,2% no período, totalizando US$ 106 milhões. Em ligação com investidores, executivos da companhia afirmaram que a queda de publicidade no segundo trimestre do ano deve alcançar 50% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Essa movimentação de queda acentuada reflete a apreensão dos departamentos de marketing em investimentos massivos durante a crise econômica causada pela pandemia. Por outro lado, reforça uma estratégia que o jornal vem pondo em prática há anos: fortalecimento da receita de assinantes e queda na de anunciantes.
Segundo reportagem da Reuters, executivos do jornal afirmaram, também, que o faturamento da versão digital do NYT será maior do que a do impresso ainda neste ano – algo também inédito para a publicação.
Fonte: Meio&Mensagem

quarta-feira, 13 de maio de 2020


Grandes jornais e grupos de mídia cortam salários e jornada durante pandemia

Diminuição vai de 25% a 33%
Folha foi último a fazer anúncio

 Empresas de mídia anunciaram cortes de salário e jornada por causa da pandemia de covid-19Sérgio Lima/Poder360 - 23.jan.2019
Funcionários da Folha de S.Paulo concordaram, na 3ª feira (12.mai.2020), com a redução de 25% do salário e da jornada de trabalho. A diminuição, que valerá por 3 meses a partir de junho, afeta repórteres, fotógrafos e editores em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Em sua proposta, a Folha promete auxílio alimentação de R$ 150 por mês, além de reembolso de gastos extras com o trabalho remoto; estabilidade de emprego por até 1 ano –profissionais demitidos nesse período terão direito a indenização de 70% sobre os ordenados restantes; e manutenção do plano de saúde até 31 de dezembro, mesmo em caso de demissão. Procurado, o jornal afirmou que a redução não atinge funcionários do portal de internet UOL, que também integra o Grupo Folha.
Folha, jornal de maior influência no país e que completa 100 anos em 2021, foi a última grande publicação a anunciar esse tipo de acordo com seus profissionais. Outros grandes veículos da mídia jornalística já haviam adotados medidas de cortes de gastos por causa dos efeitos da pandemia de coronavírus.
A direção do jornal Correio Braziliense, que pertence ao Grupo Diários Associados, decidiu também na 3ª feira (12.mai) cortar 25% do salário de parte dos jornalistas, diagramadores, designers, fotógrafos e funcionários do setor administrativo. Segundo apurou o Poder360, as reduções não afetarão os contracheques dos repórteres que atuam diretamente nas coberturas de economia, política nacional e no jornalismo local.
Por causa da medida, os profissionais do Correio Braziliense fizeram uma assembleia virtual e decidiram paralisar as atividades: alegam que os salários de abril ainda não foram quitados integralmente e pedem melhores condições de trabalho. Os funcionários do jornal realizarão nova assembleia nesta 4ª feira (13.mai). A empresa não havia se manifestado publicamente sobre os cortes quando este texto foi concluído.
Pelo menos 15 outras empresas de jornalismo decidiram cortar salários e jornadas de trabalho durante a pandemia. Também houve casos de demissões. Leia infográfico preparado pelo Poder360 sobre assunto:

Na avaliação de presidente do SJSP (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo), Paulo Zocchi, a hipótese de redução de salário num momento de crise pode impactar negativamente a qualidade do trabalho jornalístico. “Para cumprir a função essencial de informar a população neste momento de calamidade pública, os jornalistas não têm poupado esforços. Há profissionais colocando-se em situação de risco ampliado de contágio (risco para si mesmos e para as suas famílias), durante a cobertura da pandemia”, diz.
PREVISÃO LEGAL
MP 936, de 1º de abril, que institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, apresenta medidas trabalhistas alternativas durante a pandemia. O texto estabelece a redução de até 70% do salário dos funcionários, com redução paralela da jornada de trabalho, por até 3 meses. De acordo com a medida provisória, as reduções de salários podem ser de 25%, 50% ou 70%. Em alguns dos casos, a mudança pode ser feita por negociação individual, sem a participação do sindicato ao qual o empregado está vinculado.
Quando o corte for de 25%, a alteração pode ser realizada por acordo individual entre o patrão e o empregado, independente da faixa salarial. Já nas reduções de 50% e 70% ou suspensão de contrato, os acordos individuais só poderão ser firmados com empregados que ganham menos de R$ 3.135 ou mais de R$ 12.202,12. Os trabalhadores que recebem de R$ 3.136 a R$ 12.202,11 só poderão ter seus contratos modificados por acordo ou convenção coletiva, com a participação do sindicato.
COMO FUNCIONA A JORNADA MENOR
Os veículos de comunicação adotam modelos diferentes para adaptar a equipe a uma jornada de trabalho em média 25% menor.
Os jornalistas já obedecem a uma legislação específica e mais favorável a essa categoria na comparação com várias outras. A regra determina jornadas de apenas 5 horas diárias e no máximo duas horas extras para colaboradores de empresas jornalísticas. Ou seja, os profissionais de imprensa só podem, de acordo com a lei, trabalhar até 7 horas por dia, de 2ª feira a sábado –42 horas por semana.
Essas regras estão na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), nos seus artigos 302 e 316, num capítulo específico chamado “Dos Jornalistas Profissionais”.
A maioria das empresas antes da pandemia de covid-19 adotava 1 sistema de trabalho de cerca de 8 horas por dia,  mas apenas de 2ª a 6ª feira e com folgas nos fins de semana. As equipes de jornalistas que trabalhavam em plantões aos sábados e domingos ganhavam folgas para serem gozadas ao longo da semana subsequente ou aumentavam seus saldos em bancos de horas –e essas horas eram usadas em datas posteriores acertadas com as direções dos veículos.
Segundo apurou o Poder360, a adaptação da redução de salários e de jornadas de trabalho tem variado entre os jornais.
Alguns veículos têm simplesmente reduzido a jornada de seus jornalistas para 4 dias por semana. Por exemplo, o profissional trabalha de 2ª a 5ª feira e folga na 6ª feira, sábado e domingo.
Outros têm preferido manter o sistema como está atualmente e concedem folgas emendadas de 6 a 7 dias por mês para os jornalistas que tiveram o corte de 25% no salário e na jornada.
Em geral, esses acordos têm sido realizados com o acompanhamento de sindicatos locais. Sem a adoção dessas medidas, vários jornais teriam de ter cortado postos de trabalho em suas Redações.
O jornal digital Poder360 não adotou até o momento nenhum tipo de medida para reduzir salários de seus profissionais.
CNN É ACUSADA DE IRREGULARIDADES
CNN Brasil, que estreou no país em março, é alvo de acusações sobre possíveis irregularidades na contratação de repórteres cinematográficos. Além disso, o canal de notícias estaria ignorando as normas sobre escalas de plantões –que estipulam 1 dia de folga a cada 6 trabalhados– e o pagamento de horas extras.
O chefe de Redação da emissora em Brasília, Roberto Munhoz, declarou que a empresa pretendia seguir 1 esquema em que para cada 12 dias trabalhados seriam concedidos 2 dias de folga, conforme a regra legal que é adotada em São Paulo para a categoria dos jornalistas.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, o regime é ilegal em Brasília. “O SJPDF compreende essa jornada como ilegal, uma vez que contraria o artigo 307 da CLT que garante 1 dia de folga a cada 6 trabalhados a todos os jornalistas”, disse em nota.
 Esta reportagem foi produzida pelo estagiário Weudson Ribeiro sob supervisão do secretário de Redação Douglas Pereira.
Fonte: Poder 360
WEUDSON RIBEIRO
13.maio.2020 (quarta-feira)