terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Atrair ou Fidelizar clientes: qual deve ser sua prioridade?

Uma empresa para ser bem sucedida deve ter uma equipe de vendas capaz de atrair e manter clientes. O segredo da equipe de vendas está no equilíbrio.
Vamos fazer um exercício juntos. Imagine que você tem um negócio muito promissor. Ao analisarmos o comportamento de sua carteira de clientes observamos o seguinte: sua taxa de renovação de clientes é de 90%. Ou seja, a cada 10 clientes você renova 9. Muito bom, não é? Realmente uma taxa de renovação nesse nível é credencial para o sucesso de qualquer negócio no longo prazo, correto? Hummmm, vou te provar que não é bem assim.
Acompanhe meu raciocínio. Se você perde de um ano para outro 1 cliente a cada 10, significa que, se você não atrair clientes novos para o seu negócio, você terá uma perda de mais de 40% de sua carteira de clientes ao final de 5 anos. Ao final de 6 anos, você terá perdido quase metade do seu negócio. Você já parou para fazer essa conta? No final do dia ela mostra que se sua organização não for capaz de atrair novos clientes para seu negócio ele estará fadado ao fracasso rapidamente.
Pois agora, vamos inserir outro elemento na reflexão. Imagine sua taxa de renovação cai de 90% para 80%. Ela continua em um nível alto, a queda é suportável e você pode tirar a diferença captando novos clientes, correto? Hummm, também não é bem assim.
Para manter a mesma base de clientes do ano 1 você terá de incrementar seu esforço de captação de novos clientes em 100%. Se antes você tinha de buscar um novo cliente por ano a cada 10, a partir de agora serão 2. Existe ainda um aspecto adicional que complica as coisas. Via de regra, o cliente novo apresenta um ticket médio inicial inferior ao cliente habitual. O desafio cresce ao construirmos um cenário onde esse ticket médio do novo seja 50% inferior ao habitual (cenário muito razoável, aliás). Nesse caso, não basta trazer o mesmo número de clientes para compensar sua perda de insatisfeitos. É necessário que você traga 50% mais de clientes. Resumindo: nesse cenário, para você apenas se manter do mesmo tamanho, é necessário você atrair anualmente 30% de sua base ativa de novos clientes. Ufa!!
No final do dia, o que quero lhe mostrar com todas essas contas? Primeiro, é necessário você ter essa visão em detalhes do seu negócio. Você tem essas informações na ponta da língua ou sua análise é empírica? Atenção: o que não se mede, não se gerencia.
Segundo e mais importante: é necessário um modelo comercial que prime pelo equilíbrio. Atração e fidelização de clientes são faces da mesma moeda. Não adianta você ter práticas de excelência no relacionamento com seus clientes, com profissionais de atendimento de classe mundial, se você não for capaz de, proativamente, atrair novos clientes para seu negócio.  Da mesma forma, não adianta você ter um exército de vendedores pitbulls, guerreiros capazes de atrair os melhores clientes para seu negócio, se você não for capaz de fidelizar os já existentes.
O segredo está no equilíbrio. Você deve conhecer aquela visão dos vendedores Hunters (Caçadores) e osFarmers (Agricultores).
Só lembrando: O perfil Hunter é aquele vendedor que se caracteriza como um caçador de novos clientes. Tem maior predisposição ao risco e não se intimida ao prospectar clientes em qualquer contexto. O perfilFarmer é aquele vendedor que tem predisposição a manter sua carteira. É 100% orientado as demandas do cliente e está sempre atento a formas de fidelizá-lo mantendo-o satisfeito e realizado.
O ideal é encontrar um perfil profissional que atenda a esses dois requisitos. Na prática, porém, esse é um desafio e tanto para as empresas já que, via de regra, temos profissionais com um desses comportamentos preponderantes. A solução é você montar uma equipe que mescle esses dois perfis para ter o equilíbrio desejado.
O segredo está no equilíbrio. Uma empresa para ser bem sucedida deve ser capaz de atrair e manter clientes. Simples assim. Esse objetivo só será alcançado se a organização for capaz de ter os melhores talentos e práticas para fidelização e os melhores talentos e práticas para atração de novos clientes. O desafio é gigante, porém essa reflexão faz parte da essência de seu negócio e você não pode se furtar a buscar a melhor solução. O limite tênue entre seu sucesso ou fracasso depende muito dessa busca. Sucesso!!!
Sandro Magaldi é CEO do meuSucesso.com e do Geração de Valor, autor, professor e mentor da Endeavor.


Com operação e audiência mais digital e globalizada, espanhol El País despede-se de suas rotativas

A edição do espanhol El País do último domingo (17) foi a última a ser impressa nas rotativas próprias do jornal na Espanha. A partir da edição desta segunda-feira (18), o diário passa a ser impresso em oficinas externas junto com outros veículos de imprensa. A decisão integra a estratégia adotada pelo veículo nos últimos anos de maior ênfase ao investimento no meio digital. Em novembro, o El País chegou aos 100 milhões de navegadores únicos na internet, número recorde para um jornal espanhol.
“Há tempos era evidente que a transformação digital exigiria uma mudança do modelo industrial de produção dos jornais. Hoje, quando o maior volume de leitores dos jornais vem do meio digital e a queda de difusão das edições de papel é constante em todos os veículos e em todos os países, deixou de fazer sentido a existência de uma gráfica exclusiva para cada jornal”, disse o diretor do EL PAÍS, Antonio Caño. “É preciso buscar outras fórmulas que se ajustem melhor à dimensão que hoje têm as edições de papel, até mesmo para tentar prolongar a vida do papel. E é preciso destinar esforços e recursos onde realmente estão os leitores e o futuro, nas novas plataformas tecnológicas”.
As rotativas do El País e as edições impressas do jornal fazem parte da história da Espanha. Quando a tentativa de golpe de Estado paralisou o país, o papel era o único suporte em que o jornal era distribuído. A tiragem crescente impôs a necessidade de ampliá-las entre os anos de 1989 e 1990. A chegada da cor às páginas também exigiu um novo sistema com o qual a capa ganhou calor e texturas que depois se estenderam às páginas interiores.
A busca de uma maior qualidade na imagem impôs a cor e as rotativas multiplicaram por quatro seu tamanho, primeiro em 2002 e depois em 2007, para poder abrigar essa novidade técnica. Um ano antes as máquinas já haviam alcançado o máximo de sua capacidade de trabalho com uma impressão de 600 mil exemplares por dia.
Na atualidade, entretanto, os grandes números concentram-se nas iniciativas digitais do jornal, que tem boa parte do seu foco voltado para ação global. No espaço de três anos, o El País triplicou sua audiência digital, segundo informou o diário, após uma profunda transformação, com infográficos, programas de televisão e uma grande oferta de artigos de opinião e análise.
Dos 100 milhões de visitantes únicos do site do diário, por exemplo, metade vem de fora da Espanha, especialmente da América Latina. Além disso, o jornal está no top 10 mundial dos veículos de comunicação mais lidos do mundo na web, liderado pelo chinês Xinhua e no qual estão o The New York Times (2º) e o The Washington Post (6º).
Jornalistas do El País foram à oficina na última semana para despedirem-se dos colegas e das rotativas, que os acompanharam em sua trajetória no jornal. Muitos dos empregados levaram para casa como lembrança as pranchas com as quais foram impressas inúmeras notícias. “Eles também fazem parte da história do jornal”, destacou Pablo Cayado, diretor gerente da gráfica do El País.
Leia mais em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/16/actualidad/1513457282_998706.html

Fonte: Jornal ANJ

Pagando para ver
O Facebook, que começou como plataforma de engajamento, cada vez mais se transforma num canal pago

RI Rio de Janeiro (RJ) 22/06/2016 - Retrato da colunista Cora Ronai. Foto: Leo Martins / Agencia O Globo Foto: Leo Martins / Agência O Globo
O ano de 2012 foi decisivo para muitas empresas que apostaram no Facebook como plataforma de comunicação: uma mudança no algoritmo reduziu drasticamente o alcance das suas páginas, que passou para apenas 16% da comunidade de fãs. Outras mudanças ocorreram no ano seguinte. Em 2014, de acordo com um estudo da Social@Ogilvy, o alcance orgânico ficou numa média de 6%, sendo que nas páginas mais movimentadas, com mais de 500 mil curtidas, ele caiu para pífios 2%. “Alcance orgânico” é uma forma elegante de dizer quanta gente pode ser alcançada gratuitamente por um post. Em outras palavras, uma publicação feita numa fanpage com meio milhão de seguidores não será vista por mais do que dez mil pessoas, e olhe lá.
Em abril, Kurt Gessler, editor de mídia digital do “Chicago Tribune”, observou, num artigo postado na plataforma Medium, que nunca os posts do jornal tinham chegado a tão poucos leitores. Àquela altura, o “Tribune” tinha cerca de 500 mil fãs, dos quais algo entre 25 mil e 50 mil viam as suas publicações: em dezembro de 2016, apenas oito dos seus posts haviam tido menos de 10 mil visualizações. Em janeiro, porém, esse número saltou para 80. Em fevereiro, 159. E em março, nada menos do que 242 posts entraram na conta — ainda que a quantidade de seguidores do jornal no Facebook estivesse crescendo.
A moral da história parece ser simples: quer mais alcance? Pague por ele.
O Facebook, é claro, nega isso, e atribui a queda do alcance orgânico à 1) existência de mais conteúdo, e 2) uma otimização do feed de notícias, que mostraria aos usuários apenas o que é considerado mais relevante para eles. Os argumentos, no entanto, não sensibilizam especialistas em comunicação e marketing, que continuam discutindo o assunto, e já trabalham com a hipótese de alcance orgânico zero.
O pior é que essa estagnação está indo além das das fanpages, e começa a chegar aos perfis pessoais. Notei isso pessoalmente há dois ou três meses. Minha conta, que recebia cerca de mil novos seguidores por mês, consistentemente, empacou, embora o conteúdo continue o mesmo. Outros amigos, que também têm páginas muito movimentadas, notaram a mesma coisa. Nossas páginas não têm sido mostradas para além do seu núcleo básico e, frequentemente, nem isso, já que gente que sempre via os nossos posts deixou de ver, e amigos têm perguntado por que deixamos de postar, apesar das várias publicações diárias. Fiz um post sobre isso e a reação foi enorme. Todo mundo tem a mesma percepção, seja em relação aos seus próprios perfis, seja em relação a perfis seguidos.
Ou seja, a rede, que começou como uma extraordinária plataforma de criação de comunidades e de engajamento, cada vez mais se transforma num canal pago, caminho seguro para deixar de ter qualquer relevância.
O mais irônico é que, na sua página para a imprensa, o Facebook começa a retrospectiva do ano afirmando que, em 2017, anunciou sua nova missão de “dar às pessoas o poder de criar comunidades e aproximar o mundo”.
Me engana que eu gosto.
 Fonte: Coluna da Cora Rónai (CORA@OGLOBO.COM.BR )

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Cresce leitura de notícias nas redes sociais

Brasileiros consomem jornalismo no Facebook, Twitter e LinkedIn


dino

Jornais e revistas tradicionais no mercado impresso não podem perder esta oportunidade de se aproximar ainda mais de seus fãs e consumidores.
São Paulo, SP,28/09/2017 –



Tem piada? Sim. Fofoca? Muita. Discussões sem fim? Opa! Porém, também tem bastante jornalismo, informações de qualidade, conteúdo que atrai um público interessado em saber mais sobre política, esportes, cultura e fatos da sua região. A leitura de notícias nas redes sociais cresce no mundo todo, principalmente aqui no Brasil. Jornais e revistas tradicionais no mercado impresso não podem perder esta oportunidade de se aproximar ainda mais de seus fãs e consumidores.

TUDO NA PALMA DA MÃO

Um estudo da Kantar IBOPE Media mostra que as pessoas usam o Facebook, em média, 14 vezes por dia. Se estiver num lugar público, olhe ao seu redor. Quantas pessoas estão mexendo no smartphone? A maioria, tenha certeza, está no aplicativo da empresa criada por Mark Zuckerberg.

O Brasil tem 99 milhões de usuários ativos no Facebook. No mundo, todo dia, 890 milhões de pessoas entram na rede social pelo menos uma vez.

E o Twitter? A rede do passarinho azul não passa vergonha, não. São 500 milhões de textos curtos publicados a cada 24 horas.

É por isso que a leitura de notícias nas redes sociais só aumenta: porque é lá que as pessoas estão. É simples, é matemático. Empresas editoriais que ainda não perceberam a força deste mercado precisam correr. Cada dia sem movimentar seus consumidores nas redes é um dia abrindo espaço para que os concorrentes atraiam esses leitores.

SISTEMA EDITORIAL INTELIGENTE

Existe uma plataforma editorial que facilita muito a rotina de jornais, revistas e demais empresas de conteúdo. É o ELITE CS, desenvolvido pela Mundiware. O sistema permite que o jornalista prepare a notícia para o site e a versão impressa da publicação, e ao mesmo tempo a compartilhe nas redes sociais. A grande facilidade é que o profissional não precisa entrar em cada rede social para escrever e preparar a postagem. Basta um clique, um enter, e o ELITE CS faz o resto.

Conversamos com Emmanuel Ferreira, sócio-diretor da Mundiware, que explicou alguns detalhes sobre este sistema: “o redator pode determinar a publicação em todas as redes sociais ou escolher as mais adequadas de acordo com o conteúdo. Notícias de empreendedorismo e economia, por exemplo, podem ir somente para o LinkedIn, enquanto a crítica de um filme vai para Facebook e Twitter. E quando as fotos são ótimas, a preferência é colocar no Pinterest”.

Fizemos um teste no Elite CS e percebemos, inclusive, que é possível optar que a notícia vá para o Facebook com uma imagem e para o LinkedIn com outra. E o sistema ajusta as dimensões da foto para cada rede social automaticamente.

QUEM USA?

Para atender a demanda por leitura de notícias nas redes sociais, alguns clientes da Mundiware já estão usando esta solução.

É o caso do Diário de Notícias, de São Paulo, que fornece conteúdo exclusivo para seus mais de dois mil seguidores no Facebook. Outro usuário do Elite CS é o portal aRede, do Paraná, que já conta com quase 100 mil leitores nas redes sociais. No Rio de Janeiro, o jornal O São Gonçalo investe fortemente no digital, e compartilha notícias para 180 mil pessoas no Facebook e 10.500 no Twitter.

Cada um deles tem milhares de curtidas, compartilhamentos, comentários e visualizações. O fornecimento de conteúdo acaba aproximando empresa e clientes, criando novos canais de relacionamento, aumentando o valor da marca e propiciando uma exploração comercial de todo este ativo conquistado na internet.

O BRASILEIRO E AS NOTÍCIAS

Quem diz que brasileiro é mal informado não conhece os dados do relatório Reuters Institute News Digital 2017, que acaba de ser publicado. Ele mostra que 66% dos brasileiros usam as redes sociais para ler notícias. Aliás, 60% confiam no que é publicado nelas. E o consumo de jornalismo atravessa a rotina do brasileiro do momento em que ele acorda até a hora de dormir:

– 32% dos brasileiros leem notícias no smartphone enquanto estão no banheiro;
– 42% consomem notícias no celular enquanto vão e voltam do trabalho, em ônibus, trens e metrôs;
– 46% dão uma última olhada nas redes sociais já na cama, antes de dormir, para checar as últimas informações.

E aqui vai, talvez, a informação mais importante para você que dirige uma empresa editorial, Brasil afora: a soma da visualização do conteúdo publicado por empresas regionais de comunicação só perde para os posts das quatro maiores redes de TV – Globo, SBT, Record e Band – mas ganha de jornais de alcance nacional, como Folha de São Paulo e Estado de São Paulo.

O que isso quer dizer? Simples: o brasileiro quer saber o que acontece ao seu redor. É como dizia o escritor russo Leon Tolstói, autor de Anna Karenina: “fale de sua aldeia e estará falando do mundo”.

Acesse: http://www.mundiware.com/br?o=dino

Fonte: Comunique-se

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Crise na imprensa argentina: 
demissões e fechamentos de jornais

20 de outubro de 2017

buenos aires herald - imprensa argentina
Capas do hoje extinto Bueno Aires Herald - mais uma baixa para a imprensa argentina (Imagem: Reprodução)

A imprensa argentina atravessa o pior momento de estabilidade e falta de emprego desde a democracia em 1983, diz jornalista. Por lá, há fechamentos de jornais e demissões de comunicadores
No dia 31 de julho deste ano, o antigo jornal argentino de língua inglesa, Buenos Aires Herald, fechou as portas. Há 140 anos em atividade, o periódico tornou-se famoso por ser o único a denunciar os crimes de lesa-humanidade promovidos pelo Estado, na época da ditadura militar, que comandou o país de 1976 a 1983.

O jornal, que atingiu o auge nas mãos do editor britânico Robert Cox, teve seu declínio quando deixou de ser comandado por estrangeiros. Em 2007, foi comprado pelo argentino Sergio Szpolsky e, posteriormente, Cristóbal López. Ambos empresários próximos da ex-presidente Cristina Kirchner.

Ademais, no dia 8 de junho, cerca de 3 mil jornalistas foram às ruas no centro de Buenos Aires protestar a favor de melhores salários e contra demissões. Segundo o Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (Sipebra), “no último semestre, a precarização endêmica da atividade jornalística se agravou com a perda de mais de 2 mil postos de trabalho, públicos e privados, em um contexto nacional de quase 200 mil demissões em todas as atividades”. O salário médio mensal de jornalista na Argentina é de 19.647 pesos argentinos, o equivalente a US$ 1.134,62 e R$ 3.552,25.

O fim de uma era

Criado em 1876 pelo editor escocês William Cathcart, o Buenos Aires Herald tinha o objetivo de informar a comunidade britânica, formada por comerciantes, construtores e ferroviários, na Argentina. Com o tempo, ganhou importância política quando tornou-se contrário ao nazismo – isso nos anos 1930 e 1940.

O envolvimento político se fortaleceu quando Cox, mesmo diante das ameaças dos generais da ditadura militar, expôs crimes e publicou nomes de pessoas desaparecidas e indevidamente presas, salvando vidas. Enquanto os jornais do país sofriam pressão e censura, o Buenos Aires Herald garantia independência porque seus donos, editores e jornalistas não eram argentinos.

Tudo mudou em 2007, quando o empresário kirchnerista, Cristóbal López, comprou o jornal. Na Argentina, López também é dono do conglomerado empresarial e midiático Grupo Indalo. Durante a gestão da presidente Cristina Kirchner (2007-2015), o Buenos Aires Herald recebia verba publicitária para manter-se a favor do governo. Com a eleição de Maurício Macri em dezembro de 2015, essa fonte de investimento perdeu-se.

 “No início de 2016, havia 28 pessoas trabalhando na redação. Em novembro do ano passado, a maioria da equipe foi demitida. Antes de fechar, éramos apenas seis pessoas, mais os colaboradores externos”, explica Sebastián Lacunza, ex-editor do Buenos Aires Herald.

Com redação mínima, o diário passou a ser semanal até encerrar de uma vez as atividades. “Os últimos dois anos e meio foram de cortes sucessivos nos recursos e demissões de pessoas. Isso, é claro, afetou a equipe editorial que, no entanto, manteve um compromisso firme com a história e o presente do Herald. Foram anos muito difíceis”, lamenta Lacunza.

Sobre os motivos de fechamento do jornal, o editor prefere se manter neutro. “Os motivos devem ser explicados pela empresa que tomou a decisão, não quero agir como seu porta-voz. Nos últimos anos, a gestão comercial e empresarial mereceu objeções profundas, mas não é apropriado torná-las públicas. O mundo sabe que há múltiplos conflitos econômicos sobre a mídia, na Argentina e no mundo, mas não sei se essas foram as razões do encerramento”.

Imprensa argentina X governo

De acordo com uma pesquisa publicada pelo Comité para la Protección de los Periodistas, “En la confrontación entre el gobierno argentino y la prensa, pierde el periodismo”, o embate de interesses entre os Kirchners e a mídia (em especial, o Grupo Clarín) começou em 2008, no primeiro mandato de Cristina, por causa da implementação de taxas de exportação para o setor agrícola. Diante a decisão governamental, o Clarín se posicionou a favor dos agricultores, que protestaram contra a medida. A pesquisa também aponta que os Grupos Clarín e La Nación são os principais organizadores da Expoagro, feira de agricultura e pecuária anual de relevância da Argentina.

A revolta se acentuou com a sanção da Lei de Serviços e Comunicação Audiovisual, de 2012, cujo conteúdo dizia que nenhum conglomerado poderia ter mais do que 24 concessões de TV a cabo e dez de rádio e televisão aberta. “O Grupo Clarín possui dez vezes mais licenças de cabo do que o número autorizado, além de quatro canais de televisão; uma rádio FM, dez rádios AM e o jornal de maior tiragem do país”, explica texto divulgado, em 2012, no Observatório do Direito à Comunicação.

“Muitos pontos dessa lei significaram um avanço em termos de federalização de conteúdo e criação de pequenas mídias em todo o país. A Lei de Mídia foi um bom instrumento, mas não acho que tenha sido criada para fins totalmente sagrados”, comenta o jornalista do Diário La Nación, Alfredo Ves Losada, 38 anos. Ele acredita que o objetivo central era desmantelar o Grupo Clarín, por causa de sua importância política e econômica.

Para o jornalista, grande parte dos meios de comunicação argentinos mantiveram uma relação hostil com o kirchnerismo. Aqueles que apoiavam o governo Kirchner eram subsidiados por publicidade de Estado, e com o fim do mandato, perderam fontes de financiamento. “Isso limitou a multiplicidade de vozes ou pontos de vista editoriais”, expõe Losada.

Com a posse de Macri, foi decretada o fim das agências reguladoras da comunicação midiática argentina. O jornalista esclarece que o presidente emitiu um decreto para revogar os aspectos mais fortes da Lei (o que, na prática, significava o fim da mesma). A decisão pôs fim aos aspectos questionáveis, mas também aos que pareciam mais auspiciosos.

O atual cenário é de “lua de mel entre a mídia e a Casa Rosada”, brinca Losada. Segundo ele, o contato de funcionários com jornalistas é mais fluido do que antes, e as conferências de imprensa são comuns, o que não acontecia durante os 12 anos de administração do Kirchnerismo.

Além disso, para o diretor do curso de comunicação e jornalismo da Universidade Católica Argentina, Hernán Carlos Cappiello, há um respeito maior pelo trabalho jornalístico e pelos ataques do passado, quando o governo montou políticas de perseguição aos jornalistas que não compartilhavam com mesmas ideias.
No entanto, Losada enfatiza que à medida que os meses passam e o governo desenrola sua própria ação governamental, os questionamentos também surgem, como acontece neste momento preciso, no qual o desaparecimento de um jovem é investigado (Santiago Maldonado), referindo-se à comunidade indígena mapuche, que é suspeita de ser reprimida e sequestrada por uma das forças de segurança do Estado.

Condições de trabalho

Nos últimos seis anos, o sindicato da imprensa sofreu reduções salariais. Desde a chegada de Macri, centenas de demissões na mídia em todo o país foram noticiadas. Isso teve efeito igualmente prejudicial em mídias mais consolidadas: tanto La Nación quanto Clarín organizam esquemas de retirada voluntária para diminuir a quantidade de funcionários.

“A imprensa argentina provavelmente atravessa o pior momento em termos de estabilidade e falta de emprego desde a recuperação da democracia em 1983. Isso é explicado pelos próprios problemas do país, mas também pelo contexto global de explosão da Internet e da mídia eletrônica”, justifica Losada.
***** ***** ***** ***** *****
Por Fernanda Campos e Maria Catarina Mazzitello. Integrantes do projeto ‘Correspondente Universitário‘ do Portal Comunique-se e estudantes do sexto semestre do curso de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Receita publicitária fraca gera crise e leva mídia com origem digital a mudanças

Receita publicitária fraca gera crise e leva mídia com origem digital a mudanças

Publishers com foco na distribuição de conteúdo global nascidos na internet estão perdendo pontos a cada round da luta por espaço no mercado publicitário digital dominado por Google e Facebook. Golpeados com receitas abaixo do esperado, sites como BuzzFeed preparam reduções em suas operações e procuram novas formatações para recuperar a confiança de seus principais investidores e, ao mesmo tempo, atingir a necessária monetização via publicidade ou por meio de outras frentes.
“A situação assemelha-se a uma bolha de conteúdo online onde a maioria dos provedores de notícias digitais continua a operar com perdas. Esta bolha acabará por explodir, a menos que sejam encontrados modelos de negócios mais diversos e sustentáveis”, alerta recente estudo do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo (RISJ, na sigla em inglês), da Universidade de Oxford, The Global Expansion of Digital-Born News Media. A pesquisa mostra que o investimento feito pelas empresas de mídia digital para atingir audiência internacional está longe de resultar nos volumes necessários de publicidade. “Até agora, a maioria dos meios de comunicação de notícias digitais com orientação internacional permanecem no modo de investimento e crescimento, e não foram consistentemente lucrativos.”
Os autores do trabalho, o diretor de pesquisa Rasmus Klein Nielsen, o pesquisador Tom Nicholls e o jornalista Nabeelah Shabbir, entrevistaram os principais editores e executivos de sete publicações digitais –  Business Insider, De Correspondent, Mashable, HuffPost, Quartz, Vice e Brut – para identificar pontos fortes e fracos dessas operações. Constataram que a maioria desses publishers, excluindo o De Correspondent, desenvolveu modelos de distribuição gratuita de conteúdo e forte dependência de buscas na internet e das mídias sociais com o objetivo de aumentar seu público para, em seguida, monetizar por meio de anúncios. Até aqui, porém, houve sucesso apenas na primeira parte do plano.
O estudo também mostra o quanto desafiador é para essas companhias gerenciar redações globais e equilibrar a oferta de informação produzida para o consumo geral com o conteúdo local. Revela ainda a necessidade de criar identificação da marca com cada público, além de adaptações editoriais (incluindo idioma) na tentativa de atender mercados muito diferentes.
“Crash”
Josh Marshall, publisher do Talking Points Memo, afirmou que a mídia digital vive um "crash", resultado dos "monopólios de plataforma" Facebook e Google, que vêm concentrando a publicidade, relatou o jornalista Nelson de Sá, em reportagem publicada pela Folha de S.Paulo. Emily Bell, diretora do Centro Tow (Columbia), ainda de acordo com o jornal paulista, disse que "as condições são difíceis se você não é Google e Facebook, e nós ainda estamos em crescimento econômico" nos EUA. Ou seja, a perspectiva é pior, por se tratar de "declínio sistêmico, não cíclico".
A situação do BuzzFeed é um retrato do que ocorre nesse nicho de negócio. A receita total projetada para este ano era de US$ 350 milhões, informou a Folha de S.Paulo, mas a empresa concluiu em novembro que os números devem ficar entre US$ 280 milhões e US$ 300 milhões, uma queda que põe em risco o lançamento de ações previsto para 2018. "É provável que o IPO do BuzzFeed seja postergado", disse Rick Edmonds, analista de negócios de mídia do Instituto Poynter. "Os investidores trabalham bem com narrativa de crescimento, mas hesitam diante de soluços ou se o ritmo cai."
O presidente-executivo do BuzzFeed, Jonah Peretti, escreveu aos funcionários "sobre as mudanças que vão preparar para o futuro e permitir continuar liderando o setor", como investir em novas áreas e nos títulos mais voltados a estilo de vida. As alterações, conta Nelson de Sá, incluem nova estratégia publicitária, que passou a abranger banners, anúncios comerciais fixos. Até então, o BuzzFeed se concentrava em posts patrocinados. Serão feitas cem demissões, mas os cortes devem poupar as redações.
Leia mais em:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/12/1941630-baixa-receita-publicitaria-afeta-midia-digital-nos-estados-unidos.shtml

Redações dos EUA investem em segmentação, engajamento de audiência e mobilização para atender leitores

O mais recente tour de estudos a redações dos Estados Unidos da Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA, na sigla em inglês), realizado no fim de outubro, registrou três tendências nos jornais visitados nos estados de Nova York, Washington e Filadélfia: diversificação para atender públicos segmentados, mais profissionais atuando no engajamento da audiência e dedicação máxima para dar respostas às principais indagações dos leitores  
No primeiro caso, sites, boletins informativos e podcasts projetados para públicos específicos mostram-se populares e lucrativos para os publishers dos Estados Unidos. O site Politico, por exemplo, coleciona bons resultados com seus podcasts, entre eles um programa semanal dirigido ao público feminino em que mulheres líderes debatem diferentes temas. 
O investimento em equipes voltadas ao engajamento da audiência e aumento das assinaturas digitais vem crescendo nas redações norte-americanas. Alguns jornais estão mais à frente nesse movimento. É o caso do The Wall Street Journal, que conta com nove profissionais trabalhando exclusivamente nessa tarefa.
O melhor exemplo de mobilização e uso de todos os recursos das redações para atender as principais dúvidas dos leitores veio do USA Today. Para responder dúvidas sobre a promessa do presidente Donald Trump de erguer um muro entre os Estados Unidos e o México, o jornal reuniu os esforços de 30 repórteres, fotógrafos e cinegrafistas do grupo a que pertence, Gannett. Os profissionais relataram dos estados que fazem fronteira entre os dois países, e o trabalho resultou na série The Wall.
Leia mais em:

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Jornais do grupo McClatchy são os primeiros a integrar novo projeto contra notícias falsas nos EUA

A redação do jornal Kansas City Star, do grupo norte-americano de mídia McClatchy, vai inaugurar o projeto News Co / Lab, um laboratório colaborativo destinado a ajudar o público leitor a encontrar novas formas de entender e se envolver com notícias e informações, evitando as “fake news” e discursos de ódio nas redes sociais. O programa foi desenvolvido pela Escola de Jornalismo e Comunicação Massiva Walter Cronkite da Universidade Estatal de Arizona. Tem financiamento do Facebook e da iniciativa News Integrity na Escola de Pós-graduação de Jornalismo da City University-New York (CUNY), com apoio do Centro Tow-Knight de Jornalismo Empresarial.
"Com tanto enfoque em credibilidade, confiança e alfabetização de notícias, estamos falando muito sobre como fortalecer nossas práticas dentro da companhia", disse o CEO do grupo McClatchy, Craig Forman. "Este projeto nos dá a oportunidade de trabalhar nesses temas com a investigação e a ajuda de especialistas”. Dois outros jornais da companhia de mídia foram selecionados para receber o projeto em breve: Modesto Bee (California) e Macon Telegraph (Georgia).
O diretor do Centro Tow-Knight de Jornalismo Empresarial, professor Jeff Jarvis, explicou os detalhes da iniciativa durante a 73ª Assembleia Geral da SIP, em outubro.Assista aqui.
Leia mais em:
    Fonte: Jornal ANJ