Mídia
dos EUA aprende com publishers e reguladores da Europa para enfrentar duopólio
Google-Facebook
30 Agosto 2019
As
organizações de notícias dos Estados Unidos têm usado o relatório feito pela
economista Frances Cairncross sobre a sustentabilidade da indústria
jornalística no Reino Unido e outras iniciativas europeias para embasarem suas
estratégias de combate ao duopólio formado por Google e Facebook.
No
Reino Unido, o estudo Frances Cairncross tem servido de base
para a discussão sobre maior regulação e em investigações de reguladores
britânicos. O documento e as iniciativas depois da publicação dele influenciam
e estão em consonância com os movimentos de outros países da Europa sobre as
práticas anticompetitivas das companhias digitais.
Entre
os norte-americanos, informa o site POLITICO, as diretrizes do documento e as
diferentes frentes europeias uniram concorrentes e têm contribuído para levar
adiante projetos de lei e outras ações políticas que procuram estabelecer algum
equilíbrio em um mercado no qual Google e Facebook controlam 60% dos
dólares em anúncios on-line e podem decidir o destino das redações
ajustando seus algoritmos.
Reportagem
do POLITICO relata que o movimento de algumas das maiores as organizações de
notícias dos Estados Unidos com base nas informações de
Frances Cairncross começou no outono norte-americano de 2018. Na época,
executivos de empresas jornalísticas reuniram-se em Washington com a
economista, que descreveu a eles como os publishers britânicos
convivem e enfrentam Google e Facebook. Ela também fez uma análise sob a
perspectiva da mídia norte-americana.
Esforços
das empresas de notícias têm sido vistos em diferentes países sob vários
formatos, incluindo reclamações junto a reguladores e legisladores em relação a
violações antitruste ou de direitos autorais por parte das companhias
tecnológicas. Nos Estados Unidos, informa o POLITICO, a principal
preocupação dos publishers no momento é convencer o Congresso a
conceder-lhes uma isenção temporária (de quatro anos) da lei antitruste, o que
permitiria combinar forças para negociar os termos do uso de seu conteúdo de
notícias pelas plataformas on-line.
Esse
esforço reproduz a tática por trás da nova diretiva de direitos autorais da
União Europeia (UE) que oferece aos publishers uma maior alavancagem
econômica frente ao duopólio digital, uma vez que permite a cobrança pela
distribuição de conteúdo feita por Google e Facebook, além de outras
mídias sociais e agregadores de notícias.
Os publishers dos
Estados Unidos dizem, de acordo com o POLITICO, que tiraram grandes lições de
discussões com seus colegas europeus, incluindo a necessidade de se unir e
deixar de lado suas rivalidades tradicionais.
"Os publishers europeus estão à nossa frente", admitiu
David Chavern, presidente
e CEO da News Media Alliance, instituição resultante
da Newspaper Association of America (NAA) e que reúne
mais de 2 mil veículos de imprensa dos Estados Unidos e do Canadá, além do
gigante de mídia alemão Axel Springer.
“A
maior lição aprendida é que você precisa de uma ação coletiva. Nenhuma editora,
mesmo uma realmente grande, por si só pode impactar o relacionamento com as
plataformas”, afirmou Chavern, que viajou várias vezes à Europa para
aprender com seus colegas da UE sobre como enfrentar as gigantes de tecnologia.
A iniciativa conjunta citada pelo presidente
da News Media Alliance inclui a Gannett – recém
adquirida pela GateHouse (juntas, donas de mais de 260 jornais) –,
a News Corp. nos Estados Unidos (proprietária da Dow Jones
e do The Wall Street Journal), a CNN e
a Axel Springer, que detém, por exemplo, o
site Business Insider e é co-proprietária, ao lado do POLITICO,
do POLITICO Europe.
Uma
das iniciativas lideradas pela News Media Alliance para
fortalecer o apoio à aprovação no Congresso da isenção temporária das empresas
de produção de conteúdo jornalístico a sanções antitruste é conectar
legisladores com representantes de seus jornais locais, na esperança de que
eles defendam a ideia.
Procurado
pelo POLITICO, o Google informou, por meio de um comunicado, que têm apoiado do
jornalismo. "Trabalhamos por muitos anos para ser um parceiro colaborativo
e de suporte para o setor de notícias, que trabalha para se adaptar à nova
economia da Internet", disse na nota um porta-voz da empresa. O comunicado
destacou que o Google dirige dezenas de bilhões de cliques a sites de notícias
que estimulam receita publicitária e com assinaturas digitais. O Facebook,
por sua vez, recusou-se a comentar.
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