domingo, 20 de outubro de 2019


Mídia dos EUA aprende com publishers e reguladores da Europa para enfrentar duopólio Google-Facebook

 30 Agosto 2019

As organizações de notícias dos Estados Unidos têm usado o relatório feito pela economista Frances Cairncross sobre a sustentabilidade da indústria jornalística no Reino Unido e outras iniciativas europeias para embasarem suas estratégias de combate ao duopólio formado por Google e Facebook. 
No Reino Unido, o estudo Frances Cairncross tem servido de base para a discussão sobre maior regulação e em investigações de reguladores britânicos. O documento e as iniciativas depois da publicação dele influenciam e estão em consonância com os movimentos de outros países da Europa sobre as práticas anticompetitivas das companhias digitais. 
Entre os norte-americanos, informa o site POLITICO, as diretrizes do documento e as diferentes frentes europeias uniram concorrentes e têm contribuído para levar adiante projetos de lei e outras ações políticas que procuram estabelecer algum equilíbrio em um mercado no qual Google e Facebook controlam 60% dos dólares em anúncios on-line e podem decidir o destino das redações ajustando seus algoritmos.
Reportagem do POLITICO relata que o movimento de algumas das maiores as organizações de notícias dos Estados Unidos com base nas informações de Frances Cairncross começou no outono norte-americano de 2018. Na época, executivos de empresas jornalísticas reuniram-se em Washington com a economista, que descreveu a eles como os publishers britânicos convivem e enfrentam Google e Facebook. Ela também fez uma análise sob a perspectiva da mídia norte-americana.
Esforços das empresas de notícias têm sido vistos em diferentes países sob vários formatos, incluindo reclamações junto a reguladores e legisladores em relação a violações antitruste ou de direitos autorais por parte das companhias tecnológicas. Nos Estados Unidos, informa o POLITICO, a principal preocupação dos publishers no momento é convencer o Congresso a conceder-lhes uma isenção temporária (de quatro anos) da lei antitruste, o que permitiria combinar forças para negociar os termos do uso de seu conteúdo de notícias pelas plataformas on-line.
Esse esforço reproduz a tática por trás da nova diretiva de direitos autorais da União Europeia (UE) que oferece aos publishers uma maior alavancagem econômica frente ao duopólio digital, uma vez que permite a cobrança pela distribuição de conteúdo feita por Google e Facebook, além de outras mídias sociais e agregadores de notícias.
Os publishers dos Estados Unidos dizem, de acordo com o POLITICO, que tiraram grandes lições de discussões com seus colegas europeus, incluindo a necessidade de se unir e deixar de lado suas rivalidades tradicionais. "Os publishers europeus estão à nossa frente", admitiu David Chavern, presidente e CEO da News Media Alliance, instituição resultante da Newspaper Association of America (NAA) e que reúne mais de 2 mil veículos de imprensa dos Estados Unidos e do Canadá, além do gigante de mídia alemão Axel Springer.
“A maior lição aprendida é que você precisa de uma ação coletiva. Nenhuma editora, mesmo uma realmente grande, por si só pode impactar o relacionamento com as plataformas”, afirmou Chavern, que viajou várias vezes à Europa para aprender com seus colegas da UE sobre como enfrentar as gigantes de tecnologia. A iniciativa conjunta citada pelo presidente da News Media Alliance inclui a Gannett – recém adquirida pela GateHouse (juntas, donas de mais de 260 jornais) –, a News Corp. nos Estados Unidos (proprietária da Dow Jones e do The Wall Street Journal), a CNN e a Axel Springer, que detém, por exemplo, o site Business Insider e é co-proprietária, ao lado do POLITICO, do POLITICO Europe.
Uma das iniciativas lideradas pela News Media Alliance para fortalecer o apoio à aprovação no Congresso da isenção temporária das empresas de produção de conteúdo jornalístico a sanções antitruste é conectar legisladores com representantes de seus jornais locais, na esperança de que eles defendam a ideia.
Procurado pelo POLITICO, o Google informou, por meio de um comunicado, que têm apoiado do jornalismo. "Trabalhamos por muitos anos para ser um parceiro colaborativo e de suporte para o setor de notícias, que trabalha para se adaptar à nova economia da Internet", disse na nota um porta-voz da empresa. O comunicado destacou que o Google dirige dezenas de bilhões de cliques a sites de notícias que estimulam receita publicitária e com assinaturas digitais. O Facebook, por sua vez, recusou-se a comentar.
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