quarta-feira, 18 de dezembro de 2019


Como a transformação digital do Estadão mostra um novo futuro para o jornalismo


Bel Curado

Como transformar um modelo de negócio tradicional sem ameaçar os pilares que sustentam sua identidade? Um dos maiores desafios de qualquer jornal hoje é entender melhor a forma como as pessoas – que seguem famintas por atualidades – consomem notícias e construir produtos que atendam essa demanda.

Outro desafio é modernizar a estrutura da equipe para acomodar atividades que não existiam até pouco tempo atrás, como a de profissionais que analisam dados e audiência, por exemplo.

Para O Estado de S. Paulo, além da revisão de seus produtos e processos, isso também passa por uma transformação radical na cultura da empresa.

Os resultados têm se provado positivos. Hoje, o jornal tem observado crescimento em sua audiência, aumento na receita de publicidade e, a partir de uma melhor compreensão dos interesses e perfil de seu público, geração de novos insights para tomada de decisões.

Ao longo desse processo, diversas soluções, ferramentas e suporte do Google foram adotados como apoio a essa mudança.

É muito menos papel


Nos últimos dez anos, o Estadão viu sua circulação impressa diminuir enquanto o seu conteúdo online despertava cada vez mais interesse dos leitores. Mas foi a partir de 2017 que o grupo decidiu que desenvolver uma estratégia digital consistente e reinventar o modelo de negócios passou a ter um sentido de urgência ainda maior.



O primeiro passo foi adotar uma cultura interna com foco em dados e centralizada no usuário. Equipes de redação, marketing, assinaturas e vendas passaram a acompanhar as mesmas métricas e KPIs, entendendo a importância do uso de dados para tomada de decisões, independentemente da frente do negócio em que estavam inseridas.

De acordo com Vitor Mena, Head de Business Intelligence no grupo, a mudança de cultura é um processo gradual. Programas de treinamentos e capacitação foram aplicados e ajudaram na habilitação de diferentes áreas, acelerando a transformação digital em todos os níveis da empresa.

"Somado a um programa de treinamento interno, estamos gradativamente mudando a cultura da organização para um enfoque na melhoria contínua da experiência e satisfação do cliente, sempre por meio de insights e testes pautados em dados."

- Vitor Mena, head de BI


Com focos estratégicos bem definidos e tendo como base os principais pilares de negócios da organização (Publicidade & Vendas, Assinaturas e Redação), foram traçadas três grandes metas para a transformação digital do Estadão: melhorar a experiência do usuário, aumentar a receita publicitária e impulsionar o negócio de assinaturas digitais.




A escolha correta de ferramentas e soluções foi fundamental para o sucesso do projeto. O jornal adotou o Google Analytics 360, que permitiu, pela primeira vez, um entendimento sobre o comportamento do leitor do Estadão em ambientes digitais. A ferramenta foi integrada ao Google Ad Manager 360 e ao sistema de CRM da empresa, o que facilitou a análise de performance de anúncios, o nível de engajamento do conteúdo e traçar uma análise comportamental dos assinantes.

Paralelamente, a solução News Consumer Insights (NCI) ajudou o Estadão a compreender os diferentes perfis de audiência de seus leitores e a construir a segmentação de perfis para ofertas de assinaturas direcionadas.

De maneira geral, entender o que o usuário deseja – desde leitores ocasionais até assinantes – foi o alicerce da estratégia para aproximá-los da marca.
Com tecnologias e estratégia definidas, o plano foi colocado em prática. A parte tática do projeto foi baseada no funil de leitor e dividida em 4 etapas:



Um cuidado especial foi dado para a navegação e performance de produto (que impactam diretamente as etapas desse funil), com a aceleração no tempo de carregamento das páginas mobile, implementação de AMP (Accelerated Mobile Pages) e também em melhorias de SEO.

Para o engajamento e retenção do leitor, foram adotadas diferentes estratégias com base nos perfis dos leitores. O funil de audiência do Estadão (baseado na estrutura do NCI) identificou o quanto cada leitor se envolvia com a marca e ajudou na segmentação certa das ações.




O leitor casual, que ainda não está familiarizado com o conteúdo do Estadão, era incentivado a assinar a newsletter, que disponibiliza diariamente um panorama das principais notícias. Já para os leitores leais, a estratégia foi oferecer boas ofertas de assinaturas e facilitar o processo de compra. Nessa etapa, foi essencial a reformulação da página de ofertas para uma interface mais limpa e fácil de navegar, assim como a implementação do produto Subscribe with Google, que simplifica o fluxo de compra e elimina fricções. Por fim, para assinantes, foi feita uma oferta direta de conteúdo premium para melhorar engajamento e recirculação. O objetivo era sempre aproximar o leitor da marca Estadão.



A estratégia funcionou: o número de assinantes aumentou, o tráfego gerado como resultado de SEO nas páginas do Estadão cresceu em até 65%, o tempo de carregamento do site foi reduzido e a receita gerada com publicidade mais que dobrou, impulsionada pelo aumento nos índices de viewability dos anúncios.



É muito mais digital


A parceria entre Estadão e Google existe há muitos anos. Mas essa aproximação e suporte é parte do trabalho desenvolvido através da Google News Initiative (GNI), um projeto que tem como objetivo dar apoio para que o jornalismo profissional prospere na era digital.



A partir dos esforços conjuntos no contexto da Google News Initiative, a união entre as duas empresas se fortaleceu e vai render ainda mais frutos: outro programa entre Estadão e Google já está em gestação, envolvendo quatro novos pilares para inovação: Dados, Anúncios, Performance e AMP.

“Começamos a transformação digital em 2017, com a missão clara de entender e atender o leitor: ele é cada vez mais exigente, e a maneira de fazer isso é aplicar inteligência de dados e tecnologia. O Google tem sido um parceiro fundamental nesse processo”
Luciana Cardoso, diretora de digital do Estadão.

O exemplo do Estadão serve de inspiração e referência para outras marcas do setor, na busca por fortalecer seus modelos de negócio neste período de transição. É sinal de que quando o jornalismo de credibilidade se une à tecnologia, quem ganha é o leitor.

Bel Curado

Strategic Partner Lead Google Brasil

Fonte: Think with Google

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019


É assim que 5 grandes jornais podem se tornar 2

e tudo em 1 só dia


Cinco grandes empresas midiáticas dos EUA podem se tornar 2 redes em 2020EnginAkyurt/Pixabay
NIEMAN LAB
16.dez.2019 (segunda-feira)
Pior, os 2 jornais que restariam poderiam ser administrados por pessoas responsáveis pelo fundo de cobertura com pouco interesse em mais do que os resultados.
Existe 1 fim à vista?
A primeira metade de 2020 “será a dança final da indústria jornalística“, disse uma das minhas fontes financeiras mais experientes na 5ªfeira – alguém que entende sobre dinheiro há anos. “Tudo será resolvido no primeiro semestre de 2020“.
Por “tudo“, ele quer dizer a consolidação da propriedade e controle das principais empresas de jornais dos Estados Unidos. O que há 3 semanas eram 5 grandes redes – Gannett, GateHouse, McClatchy, Tribune e MNG Enterprises da Alden Global Capital –poderiam, em meados de 2020, se tornar duas. Na mira, está o grande acúmulo em toda a indústria, como apontei pela primeira vez em 2011.
Por causa de suas origens nas comunidades locais, o setor de jornais historicamente carecia da centralização e alcance de outras indústrias. Mesmo as “grandes” cadeias desenvolvidas por donos de famílias nas décadas de 1970 e 1980 não eram realmente tão grandes. Quando Al Neuharth –”o impetuoso e impulsivo magnata da mídia que transformou a Gannett Company em um leviatã de comunicações“, segundo seu  no New York Times– morreu em 2013, Gannett possuía 93 jornais diários. Isso ainda era menos de 7% do total da nação.
E por que juntar agora? Parece tão lógico para executivos de outros setores: o McDonald’s faz hambúrgueres com muito mais eficiência do que todas as pessoas de todas as cidades juntas.
Uma analogia ácida permanece comigo há anos. “Vocês acham que são especiais no ramo dos jornais – é como qualquer outro setor“, um analista financeiro experiente me disse mais cedo nesta década. “Mas é uma indústria em dificuldades, e as indústrias em dificuldades se consolidam. Dessa forma, as notícias são como a gestão de resíduos”.
Outro membro do setor com quem falei recentemente disse que em meados da década de 2020: “Esses caras examinam suas projeções de receita para os próximos 3 a 4 anos e sabem o que fazem.” Isso significa que a consolidação é prioridade. Os jornais cortam despesas, principalmente nas redações, há mais de uma década, desde que a Grande Recessão eliminou 20% da receita e introduziu uma década de números vermelhos nos balanços.
Grande parte da atenção da indústria nesta semana, no Twitter e em outros lugares, concentrou-se nos rumores e nas notícias de demissões em massa da Gannett, semanas após a aquisição da Old Gannett pela então renomeada GateHouse.
Ouvimos dizer que “milhares” de funcionários da Gannett receberão as contas antes do feriado – mas isso não é surpresa. Com US $ 400 milhões ou mais em reduções de custos a serem entregues, ficou claro que a empresa cortaria mais de 2.500 empregos – provavelmente 3.500 ou mais. Os relatórios também indicam que grande parte da liderança da Old Gannett na posição de vendas de alto escalão ficou surpresa com os cortes rápidos nesta semana. Um Google Doc de crowdsourcing está rastreando as demissões por jornal. Atualmente, mostra mais de 160 empregos perdidos, 33 deles em redações.
Mas há muita coisa acontecendo nos bastidores também. Em janeiro, chamei a rodada de tie-ups e aquisições do ano de Jogos de Consolidação de 2019, e agora sua sequência está tomando forma. A compra da Gannett pela GateHouse parecia uma grande jogada –e em tonelagem bruta, combinando as cadeias 1 e 2. Mas olhe mais adiante.
Na 2ªfeira, a busca de Alden pela Tribune Publishing ficou clara. As duas empresas celebraram publicamente 1 “Acordo de Cooperação“. Cooperação é uma palavra muito kumbaya para isso; é realmente um tipo de pacto de não agressão, e todos sabemos que esses sempre funcionam muito bem .
Na linguagem corporativa, isso é chamado de paralisação. Nesse caso, o sempre agressivo Alden concordou em retrair suas presas –por enquanto.
O presidente da Alden, Heath Freeman, surpreendeu a todos (incluindo o conselho e os executivos da Tribune). ao comprar uma participação de 25% das ações da Tribune do grupo liderado pelo ex-presidente da Tronc, Michael Ferro, em 19 de novembro. Então, apenas 6 dias depois, Alden disse à SEC que aumentou sua participação para 32%.
paralisação impede que a Alden aumente sua participação em 33% até 30 de junho de 2020. Também, pelo mesmo período, proíbe a Alden de iniciar uma briga por procuração – uma tentativa de substituir os atuais membros do conselho da Tribune pelos seus, uma tática que ele tentou ( sem sucesso ) na tentativa de aquisição da Gannett em maio.
Em troca dessa pausa, o Tribune ampliou sua diretoria de oito para seis, deixando Alden escolher os dois novos diretores. Joe Cahill, colunista do Chicago Business de Crain, classificou a oferta como indefensável. Sua indignação está bem colocada; a cidade natal do Chicago Tribune – que encontrou uma certa estabilidade nos últimos anos após o tempo Ferro/Tronc –poderia repentinamente enfrentar o mesmo destino que o Denver Post, eviscerado por Alden ou o Mercury News (anteriormente San Jose). Para o Tribune, no entanto – com sua vida corporativa subitamente revertida -, parecia o melhor negócio no momento.
Alden, o vilão dos quadrinhos da indústria jornalística, está agora firmemente dentro da tenda de uma das poucas grandes redes de jornais públicos ainda não controladas por agentes financeiros. Não por acaso, o Tribune também possui o menor endividamento dessas cadeias –tornando-o adequado para o tipo de endividamento que é a ordem de pagamento de jogadores como Alden.

JOGOS DE CONSOLIDAÇÃO DE 2020

Então, que tipo de cenário é provável, ou pelo menos imaginável, em 2020?
Embora nenhuma das empresas envolvidas em toda essa intriga faça comentários, existe um amplo acordo sobre como será o cenário de negócios em potencial no início de 2020.
Os fatos mais marcantes: duas paralisações e a data de 30 de junho.
Sabemos da paralisação de Alden. Qual é a outra? Patrick Soon-Shiong, que comprou o LA Times e o San Diego Union-Tribune do Tribune em fevereiro de 2018, também está parado. Como o bando de Ferro, ele também é dono de cerca de um quarto do Tribune –uma participação que ele inicialmente assumiu quando estava interessado em adquirir o Times, mas segurou-o mesmo depois dele. Em janeiro, ele concordou com uma paralisação que o impede de agir independentemente do conselho da Tribune.
Essa paralisação expira em 30 de junho de 2020, igual à de Alden.
Portanto, quando o relógio chegar à meia-noite, tanto Alden, com 32% ou 33%, quanto Soon-Shiong, com 24%, estarão livres para votar em suas participações como desejarem, assim como comprar ou vender mais. Até o jornalista mais avesso à matemática pode ver que, combinados, Alden e Soon-Shiong terão a maioria das ações do Tribune. Isso é controle real.
Alden, então, aguarda 30 de junho?
Pode não ter que esperar tanto tempo. Embora seus dois novos diretores precisem se recusar a negociar qualquer fusão do Tribune/MNG, o conselho do Tribune não precisa esperar a data. Seu conselho poderia nomear 1 comitê especial composto por conselheiros independentes. Esse comitê poderá avaliar o que é do melhor interesse dos acionistas da Tribune e passar para a parte cumulativa mais cedo ou mais tarde.
Na verdade, não pense em 30 de junho como a arma inicial para fusões e aquisições – pense nela como a linha de chegada. Ou, em termos mais apropriados para os jornais, um prazo. Se o Tribune puder fazer um acordo com um parceiro de fusão antes disso, poderá fazê-lo nos termos que considerar mais favoráveis. Se não puder, bem, todas as apostas estão fora do que acontece quando essas paralisações expiram.
Quem pode ser esse parceiro de fusão? Dois eventos recentes reorganizaram o tabuleiro de xadrez.
O novo Gannett, absorvido pelo GateHouse, está totalmente ocupado com seus próprios grandes elevadores: integrando duas grandes empresas, cortando tudo o que pode ser cortado e pagando os US $ 1,8 bilhão de juros altos que assumiu para fechar o negócio. O novo Gannett está fora de cogitação – por enquanto.
Então, o mais provável parceiro de dança do TribuneMcClatchy, saiu do quadro, pelo menos por enquanto. Como concentra sua atenção na reorganização financeira de sua estrutura de capital e negocia com os federais a aquisição de seu plano de pensão, o apelo da McClatchy como parceiro de fusão diminuiu bastante. Ele vê a mesma lógica no corte de custos em larga escala que uma fusão poderia proporcionar. Mas não pode fazer muito até que sua própria reorganização seja feita.
Quanto tempo isso pode levar? Bem, McClatchy provavelmente precisará da maior parte do primeiro semestre do ano para limpar sua situação por meio de reorganização voluntária ou falência. Então, digamos, talvez por volta de 30 de junho? Essa data será circulada no calendário de todos os executivos de jornais em pouco tempo.
Os 2 primeiros trimestres de 2020 podem marcar a grande reordenação de propriedade, controle e gerenciamento de jornais que está nos cartões há anos.
O que é mais provável? Os observadores colocam um acordo Tribune/MNG no topo da lista. O maior motivo? Apenas o grande corte de custos permitido ao reunir duas grandes empresas. Nos últimos anos, houve vários obstáculos não financeiros atrapalhando vários vínculos (as pegadas geográficas se encaixam? E as culturas corporativas? Eles concordam com a estratégia no futuro?). Mas agora, o imperativo é o corte de custos, e isso supera todo o resto.
Uma junção Tribune/MNG se tornaria a segunda maior cadeia de jornais dos EUA, atrás de Gannett. Isso incluiria a lista pequena, porém pesada, do Tribune, que inclui o Chicago Tribune, o Baltimore Sun, o Orlando Sentinel, o South Florida Sun-Sentinel, o New York Daily News e o Hartford Courant. O MNG aumentaria o volume, com 97 diários e semanais no total, incluindo propriedades outrora importantes como The Mercury News, The Denver Post e St. Paul Pioneer Press. Têm grande apelo no norte e no sul da Califórnia.
Mais importante: quem controlaria essa empresa compartilhada?
Isso inicia um jogo de salão. O que Heath Freeman, da Alden, realmente quer neste momento? Ele coordenou a MNG durante seus primeiros anos digitais, certificando-se de que, quando se trata de investimento no produto, é o Digital Last. Ele vê uma fusão do Tribune como uma forma de gerar dinheiro, à medida que mais lucros se tornam mais difíceis de obter? Ou ele sente ainda mais refresco ao submeter o Tribune –já esgotado, sim, mas ainda não emaciado aos padrões de Alden– à sua disciplina de redução de custos?
Essa é uma grande questão. Outra é a avaliação, a questão fundamental da maioria das fusões. Sabemos o que o mercado acha que o Tribune de capital aberto vale – seu valor atual é de US $ 444 milhões. A MNG é uma empresa privada controlada pela Alden, seu acionista majoritário. Os observadores estimam seu valor em torno de US $ 300 milhões, mas é realmente impossível saber de fora.
Vários daqueles que conseguiram ler os livros da Digital First/MNG ao longo dos anos acharam alguns dos questionáveis ​​em contabilidade. Além disso, a Alden mostrou-se capaz de transferir e movimentar dinheiro entre seus vários afiliados com a habilidade de um veterano negociante com três cartas –e foi processado e investigado por isso.
Depois, há a grande questão de qual valor essas marcas de jornais terão no futuro se forem reduzidas ainda mais. Ou, como disse o CEO de uma empresa, “quanta vida ativa ainda resta?“. E quanto de qualquer transação seria em dinheiro e quanto ficaria em estoque?
Mas, apesar de todas essas perguntas, sim, o Tribune poderia “comprar” a MNG. Ou vice-versa – lembre-se de que foi o GateHouse menor que engoliu o Gannett maior. E uma coisa é clara: há uma chance razoável de que Heath Freeman e Alden tenham a oportunidade de fatiar e picar os papéis de Tribune como ele tem dos MNG.

MCCLATCHY VISA MEIO DO ANO

Se a combinação Tribune/MNG acontecer, isso reduziria as 5 companhias de jornais que tínhamos há 1 mês para 3.
Como podemos chegar a 2? Isso se resume a McClatchy. Após uma fusão entre Tribune e MNG, McClatchy seria novamente a 3ª maior empresa de jornais dos EUA – a posição que ocupava antes de adicionar Gannett à GateHouse a promoveu como a 2ª maior.
E como número 3 autônomo, lutando com a mesma economia operacional que seus pares, certamente também gostaria de um parceiro de dança. Exceto que a pista de dança está parecendo escassa tão tarde da noite. Ainda não existem muitas opções. Portanto, é possível que a peça de McClatchy seja se juntar ao novo Tribune/MNG – ou talvez até ao New Gannett. Ou seria um nível de consolidação quase inimaginável no setor há pouco tempo.
Claro, McClatchy iria gostar de ser um adquirente, como quase foi 1 ano atrás, quando chegou perto de comprar o Tribune. Mas suas posições financeiras e estratégicas se enfraqueceram desde então.
Na 4ªfeira,  Joe Nocera, da Bloomberg, escreveu um excelente artigo sobre os desafios de McClatchy e o contínuo foco público do CEO Craig Forman no jornalismo comunitário que faz diferença.
Internamente, McClatchy tem sua parcela de detratores que vai argumentar que, enquanto alguns de seu jornalismo permanece gaveta de cima, os cortes de seus jornais viram não são que longe dos de seus pares. No entanto, é verdade que McClatchy parece um setor em desacordo. É uma empresa de capital aberto, mas sua estrutura de ações de duas classes ainda dá à família McClatchy (1857) um pouco de controle. Enquanto o participante financeiro Chatham Asset Management, seu maior acionista e devedor, circunscreve a tomada de decisões da administração, a empresa se destaca como defensora dos valores jornalísticos tradicionais no mar cada vez maior dos proprietários de fundos de hedge e de private equity.
Forman, na peça de Nocera e em outros lugares, defende que McClatchy está liderando o pacote em termos de transição digital, especialmente na venda de assinaturas digitais com preços razoáveis.
Mas nada disso salvará a McClatchy – quando terminar de arrumar sua casa financeira interna – de enfrentar um cenário de indústria bastante alterado. Que escolhas ainda pode ter no verão?
Cinco grandes empresas podem se tornar duas. Estas poderiam ser administradas por empresas de investimento com pouco afeto ou apego aos negócios de jornais –Alden, cujos pecados são bem conhecidos, e Fortress Investment Group, que tem um contrato de gestão para administrar Gannett até o final de 2021. Embora Fortress e Alden diferem significativamente em suas práticas de gestão, permanece o fato de que o interesse de ambas as empresas no resultado final desperta a maioria dos pensamentos sobre o papel do jornalismo em servir suas comunidades.
Essas duas empresas teriam provavelmente cerca de um terço da imprensa diária; O novo Gannett já detém uma participação de 18%. Depois, há as empresas Lee –em 50 mercados, com propriedades menores– e as duas grandes empresas privadas, Hearst e Advance. A seguir, há um número razoável de cadeias menores, a maioria focada em propriedades menores de jornais.
Então isso é mais Armagedom ou dia do juízo final, questiona o New York Post?
Temos jornais fantasmas, desertos de notícias e agora uma variedade de referências bíblicas para escolher. O que soa como a tarifa de verão de Hollywood, no entanto, se resume a uma palavra preocupante: realidade.

* Ken Doctor é colunista do Nieman Lab. Já escreveu livros e artigos para o Politico.

O texto foi traduzido por Samara Schwingel.

Poder360 tem uma parceria com duas divisões da Fundação Nieman, de Harvard: o Nieman Journalism Lab e o Nieman Reports. O acordo consiste em traduzir para português os textos que o Nieman Journalism Lab e o Nieman Reports produzem e publicar esse material no Poder360. Para ter acesso às traduções já publicadas, clique aqui.

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