Como será o mundo do consumo em 2018? Segundo a consultoria britânica Euromonitor, a tendência é que o estilo de vida mais livre e menos pautado na posse de produtos ou serviços se consolide cada vez mais. O detalhe: não é somente a geração dos Millennials, aqueles que nasceram após 1985, que está de olho nessa transformação.
Todos os anos, a Euromonitor divulga as tendências de consumo globais. Para 2018, o estilo de vida menos conservador, muito ligado às gerações passadas como a X e a Baby Boomer, não terá tanto espaço. A internet estará no centro de boa parte do consumo, que deverá ser ainda mais pautado na ideia de capitalismo consciente.
Confira, abaixo, as dez tendências globais segundo a consultoria:
1 – Vida limpa
Esqueça aquele consumo desenfreado de outros tempos. O estilo de vida mais “clean” será pauta de boa parte da população, especialmente daqueles mais jovens, que possuem entre 20 e 29 anos. Muitos deles educados e com um curso superior na bagagem, pensam que realmente podem fazer a diferença no mundo – 60% deles acreditam que as suas escolhas impactam diretamente no planeta.
Por isso, essas pessoas estão mais fechadas para hábitos pouco saudáveis, não querem comprar produtos testados em animais e até mesmo recusam álcool. Inclusive, esses jovens preferem ficar em casa relaxando em vez de ir para uma boate durante a noite.
2 – Inquilinos
Esqueça a posse. De acordo com a Euromonitor, uma geração que prefere experiências à posse está ganhando cada vez mais espaço no mercado. A experiência vale tanto quanto um bem. Daí o crescimento de aplicativos como Uber e Airbnb. O estilo de vida mais livre é uma tendência que veio para ficar.
3 – A cultura da reivindicação
O consumo pode ser menor, mas a exigência cresceu – e muito. Com as redes sociais, uma simples reclamação pode resultar em um grande boicote à uma empresa ou marca. Com o crescimento constante do acesso à internet por meio de dispositivos móveis, especialmente smartphones, o “ativismo hashtag” é cada vez mais comum.
A empresa que se recusa a enxergar esse movimento pode ser dar muito mal. Especialmente no Brasil. Por aqui, 80% dos internautas atualizam as redes sociais, ao menos, uma vez por semana. Imagine se for para falar mal de sua marca?
4 – “Está no DNA – Eu sou tão especial”
O tema saúde está cada vez mais em voga na vida das pessoas, ainda mais na internet. Influenciadores e influenciadoras fitness arrematam milhões de seguidores para seus hábitos saudáveis e corpos esculturais. E esse movimento também está fazendo com que as pessoas passem a querer entender melhor o próprio corpo e de onde vieram.
Segundo a consultoria, a busca pelo histórico genético está em evidência. Seja para aqueles que se preocupam com o bem-estar, seja para aqueles que querem entender as suas origens e até aqueles fanáticos pela vida fitness, em busca de resultados mais rápidos.
5 – Empreendedores adaptativos
A rotina de trabalho das 9h às 17h está fadada ao esquecimento. Pelo menos para parte de uma geração, que está disposta a cuidar melhor do seu tempo, mesmo que isso represente maiores riscos. E isso não está reservado somente aos jovens.
De acordo com um levantamento feito pela Euromonitor, 60% dos millennials querem trabalhar de forma autônoma, enquanto 55% da geração X também preferem ter mais liberdade na vida profissional. Os mais conservadores, claro, são os baby boomers: apenas 35% deles aceitariam um trabalho menos tradicional.
6 – “Vejo do meu quarto”
As pessoas não precisam mais sair do próprio quarto para consumirem ou se informarem. Tudo está lá bem próximo, na palma da mão. E não são poucas pessoas com esse acesso: cerca de 90% das gerações X, Y e Z possuem o próprio smartphone. A geração Y, por sua vez, é a que mais usa o celular para consumo: cerca de 55% deles compram por meio do mobile commerce.
Apesar disso, cerca de 47% dos consumidores ainda preferem testar ou ver o objeto pessoalmente antes de comprar. Aí que entra a realidade aumentada. A tendência é que esse tipo de ferramenta seja cada vez mais comum em aplicativos e sites. Por meio de óculos de imersão, o consumidor terá uma experiência mais próxima à realidade por meio do smartphone – mesmo que seja digital.
7 – Consumidores detetives
As pessoas estão mais desconfiadas. O crescimento da disseminação de notícias falsas, assim como o caso de influenciadores digitais fazendo avaliações duvidosas de produtos e serviços, fez com que os consumidores passem a pesquisar melhor antes de realizar qualquer compra. E eles querem consumir de marcas em quem podem ficar.
Cerca de 55% das gerações Y e X compram apenas daquelas marcas que confiam. Para isso, essas empresas precisam estar bem de acordo com os seus valores – esses consumidores estão cansados de retóricas vazias e palavras tranquilizadores. Eles querem, mais do que nunca, a verdade.
8 – Designers digitais
A personalização de produtos está indo para outro nível. O consumo de produtos massificados, que todos têm, não fará mais tanto sucesso assim. Por isso, as pessoas querem personalizar aquilo que compram – elas precisam participar do processo, não serem somente passivas.
E eles não necessariamente querem colocar a mão na massa. Apesar de querem algo feito para eles, preferem algo mais facilitado: uma ferramenta em um aplicativo para escolher a estampa da camisa dele, por exemplo. Mas precisa ser algo somente dele: cerca de 55% dos consumidores entre 15 e 44 anos querem ser visto como diferentes dos outros.
9 – Co-habitação
Para que ter uma casa própria se eu posso alugar? Melhor: para que eu gastar um alto valor em um aluguel, se eu posso dividi-lo com alguém? A tendência de dividir uma casa ou apartamento está crescendo e não somente entre os Millennials. Segundo a Euromonitor, até pessoas mais velhas, acima dos 65 anos, estão buscando dividir o mesmo teto com pessoas que compartilham os mesmos interesses e valores.
Não por acaso, startups já estão de olho nesse mercado. A WeWork, de escritórios compartilhados e que está avaliada em US$ 20 bilhões, está aumentando o investimento no seu braço WeLive. Trata-se de apartamentos que lembram muito dormitórios de universidade. E a empresa não espera pouca coisa desse negócio: a estimativa é que o WeLive represente 21% das receitas da empresa em 2018.
10 – Os sobreviventes
A crise muda a forma como vemos o consumo. Especialmente daqueles que passaram por poucas e boas durante os tempos de recessão. Dez anos após a crise econômica global (que afetou o Brasil anos depois, com uma ajudinha do governo local, e que ainda faz vítimas por aqui), as pessoas estão mais atentas. Muitos, aliás, sequer se recuperaram dos tempos sombrios.
Não à toa, lojas mais baratas estão ganhando mais espaço. Que o digam as cadeiras de atacarejo no Brasil, que viraram as grandes estrelas das redes supermercadistas por venderem produtos ao preço de atacado para o consumidor comum. Nos Estados Unidos não é muito diferente. Cerca de 35% dos consumidores afirmam que continuarão visitando os famosos outlets mesmo após a crise.

Fonte: Consumidor Moderno