segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020


The New York Times eleva pela primeira vez os preços de suas assinaturas digitais

 07 Fevereiro 2020

Ao anunciar recorde na captação de assinantes digitais e crescimento de receitas em 2019, o jornal The New York Times informou esta semana que vai promover o primeiro aumento de preços de algumas de suas assinaturas on-line desde que lançou seu modelo de paywall, há nove anos.
O ajuste no valor dos pacotes de conteúdo noticioso digital é, segundo estudos, uma necessidade para garantir a sustentabilidade do modelo de negócios de assinaturas, cujo preço médio é hoje inferior às necessidades financeiras dos jornais, que têm mantido generosas ofertas na tentativa de estabelecer e manter uma carteira razoável de leitores pagantes.
O The New York Times informou ter obtido alta de 27,1% no número de assinaturas digitais ao longo de 2018, relatou o diário O Estado de S.Paulo. O veículo norte-americano acumulava, no fim de dezembro, 3,4 milhões de assinantes digitais. Segundo o jornal, esse bom desempenho garantiu uma receita de US$ 709 milhões em seus negócios digitais no ano passado.
A expectativa, informou a empresa em seus resultados financeiros para o período, é a de bater a marca de US$ 800 milhões em faturamento digital até 2020. Outra meta para o futuro é a de chegar a 10 milhões de assinantes até 2025 – hoje, o The New York Times tem ao todo 4,3 milhões de assinantes, incluindo sua versão impressa.
“2019 foi um ano recorde para o negócio de assinaturas digitais, o melhor desde que a empresa lançou assinaturas digitais há quase nove anos. Esse sucesso é uma prova do trabalho extraordinário dos jornalistas em todo o mundo e também da maneira radicalmente diferente de como estamos executando operações digitais na empresa, com equipes interdisciplinares que desfrutam de autonomia significativa e acesso ao aprendizado de máquina, engenharia e recursos de teste necessários para impulsionar nossos negócios”, disse Mark Thompson, presidente e diretor executivo da The New York Times Company, citado em release distribuído pelo jornal.
Na mesma nota, o executivo destaca o reajuste de preços nas assinaturas. “Nesta semana, começamos a lançar um aumento de preço para um subconjunto de nossa base de assinaturas de notícias digitais somente para proprietários, que é o primeiro aumento de preço desde o lançamento do modelo de pagamento em 2011”, disse.
Thompson ressaltou que ao longo dos últimos nove anos o jornal fez investimentos sem precedentes em jornalismo e nas ofertas de conteúdos digitais. “Acreditamos que nossos fiéis assinantes sabem que sua contribuição financeira desempenha um papel essencial na manutenção da qualidade, amplitude e profundidade do conteúdo que eles valorizam tanto”, afirmou.
Obstáculos
A realidade do The New York Times e de outros jornais, entre eles o também norte-americano The Washington Post e o britânico The Guardian (que tem obtido resultados positivos sem o uso de paywall, mas com um modelo de apoio e doações), está longe da maioria das publicações, lembra Em Kuntze, editora do site Content Insights. Pesquisas indicam, diz a jornalista, que mesmo em países onde a porcentagem de pessoas que pagam pelas notícias são mais altas, elas ainda tendem a se inscrever em apenas uma única publicação.
Há ainda, destaca em outros problemas. Ela ressalta que nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria das assinaturas é feita por pessoas com um nível educacional mais alto: em média, esse grupo tem duas vezes mais chances de pagar do que as pessoas com menos escolaridade.
É a mesma história para aqueles com renda mais alta (três vezes mais propensos a gastar dinheiro) e aqueles com "muito interesse pelas notícias" (cinco vezes mais prováveis), diz a jornalista. “Não surpreende, portanto, que o The New York Times esteja indo tão bem. De fato, os assinantes do The Post e do New York Times respondem por mais da metade daqueles nos Estados Unidos que pagam por notícias”. 
Outro obstáculo ao crescimento mais acelerado das assinaturas digitais – em especial das publicações que produzem conteúdos globais – é a ainda limitada confiabilidade dos sistemas que interligam bancos e legislações fiscais ao redor do mundo. “Ao contrário da internet, as redes que conectam bancos ao redor do mundo não são definidas pelas mesmas regras. Sistemas, padrões e leis variam, às vezes muito. Fazer negócios em um país estrangeiro, em sua moeda, pode ser uma tarefa hercúlea em administração e risco”, assinala Carolyn Breeze, do site Gocardless.
Com o tempo, porém, a tendência é a de que esse problema seja superado, diz a jornalista. “Gradualmente, e então talvez rapidamente, o espírito de padrões e protocolos compartilhados, que fizeram da internet o que é e deu origem ao fenômeno do comércio eletrônico, fará o mesmo com os pagamentos e a economia de assinaturas”.
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Fonte: ANJ


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