The
New York Times eleva pela primeira vez os preços de suas assinaturas digitais
07 Fevereiro 2020
Ao
anunciar recorde na captação de assinantes digitais e crescimento de receitas
em 2019, o jornal The New York Times informou esta semana que vai promover o
primeiro aumento de preços de algumas de suas assinaturas on-line desde que
lançou seu modelo de paywall,
há nove anos.
O
ajuste no valor dos pacotes de conteúdo noticioso digital é, segundo estudos,
uma necessidade para garantir a sustentabilidade do modelo de negócios de
assinaturas, cujo preço médio é hoje inferior às necessidades financeiras dos
jornais, que têm mantido generosas ofertas na tentativa de estabelecer e manter
uma carteira razoável de leitores pagantes.
O
The New York Times informou ter obtido alta de 27,1% no número de assinaturas
digitais ao longo de 2018, relatou o diário O Estado de S.Paulo. O veículo
norte-americano acumulava, no fim de dezembro, 3,4 milhões de assinantes
digitais. Segundo o jornal, esse bom desempenho garantiu uma receita de US$ 709
milhões em seus negócios digitais no ano passado.
A
expectativa, informou a empresa em seus resultados financeiros para o período,
é a de bater a marca de US$ 800 milhões em faturamento digital até 2020. Outra
meta para o futuro é a de chegar a 10 milhões de assinantes até 2025 – hoje, o
The New York Times tem ao todo 4,3 milhões de assinantes, incluindo sua versão
impressa.
“2019
foi um ano recorde para o negócio de assinaturas digitais, o melhor desde que a
empresa lançou assinaturas digitais há quase nove anos. Esse sucesso é uma
prova do trabalho extraordinário dos jornalistas em todo o mundo e também da
maneira radicalmente diferente de como estamos executando operações digitais na
empresa, com equipes interdisciplinares que desfrutam de autonomia
significativa e acesso ao aprendizado de máquina, engenharia e recursos de
teste necessários para impulsionar nossos negócios”, disse Mark Thompson,
presidente e diretor executivo da The New York Times Company, citado em release
distribuído pelo jornal.
Na
mesma nota, o executivo destaca o reajuste de preços nas assinaturas. “Nesta
semana, começamos a lançar um aumento de preço para um subconjunto de nossa
base de assinaturas de notícias digitais somente para proprietários, que é o
primeiro aumento de preço desde o lançamento do modelo de pagamento em 2011”, disse.
Thompson
ressaltou que ao longo dos últimos nove anos o jornal fez investimentos sem
precedentes em jornalismo e nas ofertas de conteúdos digitais. “Acreditamos que
nossos fiéis assinantes sabem que sua contribuição financeira desempenha um
papel essencial na manutenção da qualidade, amplitude e profundidade do
conteúdo que eles valorizam tanto”, afirmou.
Obstáculos
A
realidade do The New York Times e de outros jornais, entre eles o também
norte-americano The Washington Post e o britânico The Guardian (que tem obtido
resultados positivos sem o uso de paywall,
mas com um modelo de apoio e doações), está longe da maioria das publicações,
lembra Em Kuntze, editora do site Content Insights. Pesquisas indicam, diz a
jornalista, que mesmo em países onde a porcentagem de pessoas que pagam pelas
notícias são mais altas, elas ainda tendem a se inscrever em apenas uma única
publicação.
Há
ainda, destaca em outros problemas. Ela ressalta que nos Estados Unidos, por
exemplo, a maioria das assinaturas é feita por pessoas com um nível educacional
mais alto: em média, esse grupo tem duas vezes mais chances de pagar do que as
pessoas com menos escolaridade.
É
a mesma história para aqueles com renda mais alta (três vezes mais propensos a
gastar dinheiro) e aqueles com "muito interesse pelas notícias"
(cinco vezes mais prováveis), diz a jornalista. “Não surpreende, portanto, que
o The New York Times esteja indo tão bem. De fato, os assinantes do The Post e
do New York Times respondem por mais da metade daqueles nos Estados Unidos que
pagam por notícias”.
Outro
obstáculo ao crescimento mais acelerado das assinaturas digitais – em especial
das publicações que produzem conteúdos globais – é a ainda limitada
confiabilidade dos sistemas que interligam bancos e legislações fiscais ao
redor do mundo. “Ao contrário da internet, as redes que conectam bancos ao
redor do mundo não são definidas pelas mesmas regras. Sistemas, padrões e leis
variam, às vezes muito. Fazer negócios em um país estrangeiro, em sua moeda,
pode ser uma tarefa hercúlea em administração e risco”, assinala Carolyn
Breeze, do site Gocardless.
Com
o tempo, porém, a tendência é a de que esse problema seja superado, diz a
jornalista. “Gradualmente, e então talvez rapidamente, o espírito de padrões e
protocolos compartilhados, que fizeram da internet o que é e deu origem ao
fenômeno do comércio eletrônico, fará o mesmo com os pagamentos e a economia de
assinaturas”.
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Fonte: ANJ
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