Aplicativo
promete internet melhor para usuários e mais dinheiro para editores
Leia o artigo do Nieman Lab
O ex-CEO da Chartbeat Tony Haile espera ter encontrado algo
entre o adblocking ético e do bem-estar digital. “Não é só ‘você pode se livrar
de anúncios’, mas ‘Como é uma internet melhor?’”
Depois da versão beta que durou um ano, a startup de anúncios sem
publicidade Scroll foi lançada, em 28 de janeiro, para o público.
Fundada por ex-executivos de Chartbeat, Spotify e Foursquare, a Scroll promete
uma experiência de leitura sem anúncios em mais de 300 sites de notícias (mais
algumas outras vantagens) por US$ 5 ao mês.
É uma das tentativas mais significativas da
indústria de notícias para resolver um problema real. Provavelmente, muitas
pessoas que gostam do seu conteúdo o suficiente podem clicar em um link e ter 1
ou 2 anúncios perto da reportagem gratuita que desejam ler. E pode haver
algumas pessoas que amam tanto seu conteúdo que estão dispostas a pagar uma
taxa de assinatura mensal por ele. Mas e quanto a todos os que estão no meio
–as pessoas que podem dar um centavo de vez em quando, mas que não assinam todos os sites de notícias que leem?
Como os editores podem obter receitas com eles?
O ex-CEO da Chartbeat Tony Haile –e uma das principais razões pelas quais os
especialistas do setor de notícias prestaram atenção à startup– diz que a
Scroll nasceu de sua própria frustração como leitor de notícias on-line. Ele se
indignava com anúncios ruins e rastreadores perigosos.
Por falta de uma alternativa viável, Haile sabia que alguns de
seus veículos favoritos estavam demitindo jornalistas e dobrando anúncios
digitais de maneira que “simplesmente
não fazia sentido da perspectiva da experiência do usuário”.
Uma resposta comum a esse ataque de anúncios tem sido a instalação
de adblockers –algo
que cerca de ¼ dos norte-americanos afirma ter. Mas isso
geralmente impede que mesmo os sites mais amigáveis também obtenham a receita
necessária de anúncios.
Haile achou que havia uma maneira de oferecer uma melhor
experiência de leitura on-line e garantir que editores recebessem mais dinheiro
do que receberiam com a publicidade.
Como Ken Doctor relatou em 2018, Haile e seus cofundadores
sonhavam com o básico anos atrás, incluindo a ideia de distribuir 70% do custo
da assinatura de US$ 5 para editores individuais com base no tempo que cada
usuário gasta no site (Haile disse que quem adotar inicialmente pagará apenas
US$ 2,49/mês nos primeiros 6 meses. A Scroll também oferece teste gratuito de
30 dias).
O longo período beta permitiu que o Scroll eliminasse obstáculos
técnicos –como descobrir a forma de manter um usuário conectado a vários sites
e plataformas em desktop, celular e tablets. Mas também deu tempo à equipe, que
cresceu para 15 funcionários, de refinar e expandir a ideia inicial sem
anúncios.
“A principal coisa que mudou é que nos sentimos mais confiantes em
relação à nossa visão”, disse Haile. “Não é apenas ‘Você pode se livrar de anúncios’, mas ‘Como
é uma internet melhor?’”.
Para o Scroll, criar uma internet melhor significa projetar
conscientemente um sistema para recompensar conteúdo de alta qualidade acima
do clickbait.
A startup distribui a receita com base na parcela de tempo –calculada por
usuário individual para que publicações menores tenham uma boa repercussão– que
cada leitor gasta em seu site. Cada usuário recebe um detalhamento mensal de
como os dólares das assinaturas foram distribuídos.
Tony
Haile exibe gráfico que mostra distribuição dos US$ 5 pagos pela assinatura do
Scroll
Uma internet melhor também significa calcular como a maioria das
pessoas lê notícias on-line. Depois de perceber que cerca de 2/3 do tráfego
durante a versão beta vinham de dispositivos móveis, o Scroll criou recursos
que permitem ao usuário ler uma reportagem em um computador, pegar onde parou
no telefone e passar a ouvir o texto durante um trajeto.
Em uma demonstração, pouco antes do lançamento, as reportagens e
as páginas iniciais da rede de 300 sites da Scroll carregavam muito mais rápido
do que seus colegas cheios de anúncios.
Por exemplo: uma página do USA
Today demorou mais de 18 segundos para carregar. Além disso,
os leitores ainda teriam que clicar em um anúncio –que ocupava a página
inteira– de “Star Trek: Picard”. Com o Scroll, a página inicial, sem anúncios,
foi totalmente carregada em um segundo (obviamente, a diferença seria menor nas
páginas de reportagens com publicidade menos agressiva).
A Scroll espera que essa experiência de leitura sem atritos
beneficie também os editores, pois os usuários se tornam leais a sites que
oferecem uma experiência de leitura mais rápida e limpa (não é muito diferente
do argumento da Apple
News, embora o modelo de receita ainda seja sobre publicidade).
Nesse estágio inicial, Haile disse que os parceiros da Scroll
estavam vendo uma média de US$ 46 em receita por 1.000 visualizações de página.
Embora Haile tenha dito que esse número “certamente
oscilaria” (ele espera que os editores vejam perto de US$ 25 a US$
30 à medida em que a rede amadurece), o Scroll ainda supera os números de
publicidade comparáveis –que Haile estimou de US$ 5 a US$ 20 para o mesmo
número de visualizações.
Uma das coisas mais surpreendentes a sair do período beta, disse
Haile, foi a resposta emocional relatada pelos primeiros usuários. “Sabíamos que o Scroll seria mais rápido
e mais bonito. Mas eu não estava esperando a perspectiva emocional. Os usuários
disseram que a internet parecia mais controlável. Havia uma nova sensação de
segurança e refúgio.”
Da mesma forma, Haile afirma esperar que o app que agrega notícias Nuzzel, que a Scroll comprou em fevereiro, faça os
usuários sentirem que estão usando uma versão mais confiável da internet.
Nuzzel, por meio de curadores e combinações, fornece “uma maneira mais saudável de interagir
com o social”.
A retenção (quantidade de vezes que os usuários retornaram
ao app pelo
menos uma vez em 30 dias), com base na experiência beta, parece se resumir a
uma pergunta simples: o Scroll tem sites que o internauta gosta de visitar? Como eles adicionaram mais e mais publicações de
parceiros, Haile disse que houve uma correlação direta com a
retenção. E, à medida em que a rede cresce, mais receita de assinantes é
direcionada aos sites e mais sites têm incentivo para participar.
Relação
de alguns sites parceiros do Scroll
“Sabemos, como uma indústria, que precisamos experimentar novos
modelos de negócios e, no entanto, vemos pouco isso acontecer. Tivemos muita
sorte de trabalhar com parceiros que acreditam que precisamos inovar e adotar
uma abordagem orientada por dados”, disse Haile.
Ele reconhece que os testadores beta autosselecionados
provavelmente pertencem a “uma
categoria mais especializada e consciente da mídia” que o
público em geral –mais parecido com os leitores do Nieman Lab do que com seres
humanos normais–, mas ele é incentivado pelo comportamento do usuário que ele
tem até agora.
Em um futuro próximo, Haile diz que estará prestando atenção em
como os padrões de engajamento mudam depois do lançamento público e trabalhando
para recrutar mais parceiros de mídia –incluindo mais agências de notícia
locais– para a rede da Scroll.
“Construímos isso para ver se podemos construir uma internet
melhor. E não acho que você possa ter uma internet melhor sem o jornalismo
local cobrindo as histórias que importam”, declarou Haile.
Nenhum comentário:
Postar um comentário