Balanço
financeiro do NY Times mostra que os leitores do jornal reinam
Leia a tradução do artigo do Nieman
*Por Sarah Scire
A escalada do New York Times para
passar da crise à sustentabilidade e depois ao crescimento (processo que levou
mais de uma década) atingiu outro marco positivo: a empresa
teve mais de US$ 800 milhões em receita digital em 2019. Isso
atende a uma meta corporativa estabelecida há 4 anos para ser atingida até o
final de 2020 (como um bom jornalista, o Times superou
o prazo).
Chamamos esse objetivo de “ambicioso”
quando anunciado pela 1ª vez em 2015. À época, o Times tinha
cerca de US$ 400 milhões por ano com o digital. O jornal agora está bem acima
de seus concorrentes nacionais e respira uma atmosfera completamente diferente
da de seus irmãos de jornais locais.
Lemos o balanço
preliminar, a cobertura do
próprio Times sobre o relatório, e
falamos com os principais executivos do jornal. A receita de anúncios impressos
e digitais caiu, mas novos recordes confirmam a filosofia do Times,
que é “uma publicação focada na assinatura“. Aqui está o que
chamou nossa atenção:
O TIMES TEVE UM ANO RECORDE
Como havia sido
anunciado no mês passado, o Times atingiu
vários marcos em 2019. O jornal registrou 1 milhão de novos assinantes digitais
e encerrou o ano com um total de 5,25 milhões de assinaturas em todos os seus
produtos digitais e impressos. Ambos eram novos recordes para o periódico.
Na teleconferência para divulgar os resultados, o CEO
Mark Thompson disse que “o maior motivo” por trás do
sucesso do jornal foi a decisão de dar mais autonomia às equipes que trabalham
nos vários produtos digitais da publicação. Ter várias equipes
interdisciplinares trabalhando na conversão de assinantes digitais significa
que o Times é capaz de “otimizar
continuamente”, tendo “testes paralelos em execução em 2º
plano”, disse ele.
A RECEITA COM PUBLICIDADE AINDA CAIU 10%
As receitas com publicidade impressa e digital caíram um
pouco mais de 10% cada. Outras receitas compensaram a perda, com executivos
apontando para um aumento na publicidade em podcasts e o aumento nos assinantes
digitais como uma válvula de escape. A empresa estima que as perdas com
publicidade continuem em 2020.
“O Times é uma publicação focada em
assinaturas “, declarou Thompson. Ai do jornal que não é.
OS PREÇOS ESTÃO SUBINDO –MAS NÃO PARA TODOS
Nosso Ken Doctor
conversou com Thompson em novembro sobre os próximos aumentos
de preços para assinantes:
Thompson: …adicionamos
centenas de jornalistas. Estamos há 8 anos sem aumentar os preços. Como
assinante, acho que a ideia de que eu possa ter 1 aumento de preço depois de 8
anos não é irracional.
Doctor: Quanto vou pagar no
próximo ano?
Thompson: Ainda não divulgamos
isso. Fizemos alguns testes este ano com um número significativo de assinantes
e, geralmente, quando explicamos o que estamos fazendo e por que estamos
fazendo, a disposição deles de pagar mais era muito alta.
Agora sabemos o aumento: US$ 2. (De US$ 15 a cada 4
semanas para US$ 17.) Mas a alta será aplicada apenas a 750.000 assinantes
digitais, representando aproximadamente 1/4 do total de assinantes digitais.
Como o Times escolherá os sortudos
para aumentar os preços? O principal critério será a posse, ou seja, os
leitores inscritos na taxa atual há mais tempo. (Outros ingredientes vão para o
segredo de decidir quais assinantes verão o aumento, mas os executivos se recusaram
a divulgá-los).
A STARBUCKS E O FACEBOOK NEWS TIVERAM IMPACTO NOS RESULTADOS DO TIMES
A decisão do Starbucks de parar de vender jornais
impressos em suas lojas teve um impacto “significativo”, representando 2 pontos
percentuais do declínio de 3% na distribuição impressa do Times.
(O Times compôs parte da redução entre os assinantes do
impresso).
Um aumento de 30% em “outras” receitas no 4º trimestre
foi resultado principalmente dos ganhos da série do Times no
Hulu, The Weekly, e da receita de licenciamento do Facebook News.
Em resposta a uma pergunta sobre se o Times poderia
renegociar com parceiros como a Apple News à luz dessa receita, o jornal se
recusou a fazer parte do pacote Apple News +, com vendas fracas. Os executivos
disseram esperar rever o relacionamento com “todas as empresas
importantes” em 2020. “As plataformas digitais ganham
valor real pela presença da nossa marca, e isso deve ser refletido”,
disse Thompson.
OS LEITORES AINDA GOSTAM DE RECEITAS E QUEBRA-CABEÇAS
A seção de culinária do Times teve
“um final de ano espetacular“, com 68.000 novas
assinaturas no último trimestre, disse Thompson. As assinaturas de palavras
cruzadas aumentaram aproximadamente 40.000 no mesmo período.
*Sarah Scire é uma escritora que vive em Nova
York. Atualmente, estuda ciência política e política na @columbia.
O Poder360 tem uma
parceria com duas divisões da Fundação Nieman, de Harvard: o Nieman Journalism
Lab e o Nieman Reports. O acordo consiste em traduzir para português os textos
que o Nieman Journalism Lab e o Nieman Reports produz e publicar esse material
no Poder360. Para ter acesso a todas as traduções já publicadas, clique aqui.
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