Digital melhora, mas circulação
de jornais ainda é menor do que em 2014
Média ainda está 13,8% abaixo
Veja e Época também têm queda
Jornais em banca na região central de Brasília; assinatura de
impressos caiu em 2019
Saíram os números de circulação dos principais veículos
de comunicação do país no ano passado. A tendência segue a mesma: os jornais
têm cada vez mais assinantes para suas versões digitais e menos exemplares
impressos.
O número total de exemplares (digitais e impressos) de 9 grandes
jornais em dezembro de 2014 era de 1.712.424. Em dezembro de 2019, a cifra era
1.476.303. Houve queda de 236.121 (13,8%). Em suma, há 1 ganho via assinaturas
digitais, mas a indústria de mídia jornalística ainda não se recuperou totalmente.
Folha, Globo e Valor publicaram
reportagens festejando os resultados. Cada 1 usou as estatísticas da forma mais
conveniente para o seu negócio:
- Folha – jornal
destaca que ainda é o líder na soma de exemplares impressos e digitais
na média mensal do
ano (328.438 cópias), superior ao Globo (323.172);
- Globo – o diário
do Rio prefere ficar com o número final de 2019. Declara-se líder na soma
de impressos e digitais (333.773 cópias em dezembro contra 329.394
da Folha);
- Valor – o jornal de economia da família Marinho celebra o total de 107.219 cópias impressas e digitais em dezembro, declarando-se o 4º maior veículo em circulação online no país (81.222 por dia), pouco acima do gaúcho Zero Hora (que tem 79.793 assinaturas digitais).
PLATAFORMA
DIGITAL
O valor cobrado pelos jornais ainda é modesto para quem deseja
assinar e ter acesso às suas edições digitais.
O preço cheio, sem promoções, só vale para assinantes que
permanecem comprando o serviço. Mas os jornais têm oferecido inúmeras opções
mais baratas e a auditoria do setor permite considerar assinante até quem tem
90% de desconto.
Os veículos jornalísticos divulgam de maneira esparsa suas
audiências na internet, para os seus sites (que podem ser abertos ou fechados):
- Folha – a última
estatística indica 34,3 milhões de visitantes únicos e 193 milhões de
páginas vistas. Há 1 recuo sobre janeiro de 2019, quando Bolsonaro tomou
posse e a Folha declarava
ter 35,7 milhões de visitantes únicos e 231,5 milhões de páginas vistas;
- Globo – o diário
carioca informa que em novembro de 2019 teve 27,7 milhões de visitantes
únicos, o que teria representado “aumento de 25% em 12 meses, segundo
dados da ComScore”;
- Estadão – em novembro
passado, de acordo com a ComScore, o tradicional jornal paulistano
registrou em seu site 16,7 milhões de visitantes únicos (recuou de 14%
sobre o mesmo mês de 2018);
- Valor – o jornal
especializado em economia divulga ter 5,3 milhões de visitantes únicos em
seu site no final de 2019, aumento de 20% sobre a audiência de 2018. O “Valor Investe”, outro
site separado e sobre finanças, teve 2 milhões de visitantes únicos em
novembro.
REVISTAS
EM QUEDA
A revista Veja perdeu
263.309 exemplares impressos e digitais até novembro de 2019, números mais
recentes disponíveis. Isso equivale a uma queda de 32,8% sobre dezembro de
2018.
Já Época,
do Grupo Globo,
teve redução de 334.837 cópias (67,1%). IstoÉ não
é auditada pelo IVC e seus números não são conhecidos.
Somadas, as perdas de Veja e
de Época somam
598.146 exemplares a menos (46% de queda).
É interessante notar, como mostra o infográfico a seguir, que as
revistas perderam assinantes de suas versões impressas e digitais:
NOMECLATURA
DA MÉTRICA
O paulistano Folha
de S.Paulo tem o hábito há décadas de divulgar seus dados
diariamente na capa do jornal impresso. É o veículo mais transparente quando se
trata de mostrar o tamanho de sua audiência.
Observar a terminologia usada pela Folha é uma aula sobre como foi
mudando a nomeclatura e a métrica para medição de audiência, como mostra o
infográfico a seguir:
IVC
MONITORA TIRAGEM
IVC
MONITORA TIRAGEM
É muito importante levar em conta que a maior parte do aumento
recente de assinantes digitais dos jornais se deu em 2018, quando o IVC (Instituto Verificador de Comunicação) mudou
o critério sobre o que é “circulação
paga”.
Em 2018 deu-se uma espécie de “pedalada” contábil. É que, em janeiro
daquele ano, o IVC passou a considerar como “circulação paga” assinantes que recebem
até 90% de desconto em relação ao preço de capa (eis o comunicado com o novo critério). Isso
provocou 1 espetáculo do crescimento de assinantes digitais.
Os gráficos acima neste post marcam o momento em que houve o
crescimento mais acentuado das tiragens dos jornais. Como é possível observar,
o fenômeno não se repetiu com a mesma intensidade em 2019 –pelo menos não para
todos os veículos.
No início de 2019, o IVC esclareceu ao Poder360 o que se passou
por meio de seu presidente, Pedro Silva:
“Em janeiro de 2018, tivemos alteração dos valores máximos
permitidos de desconto. Isso quer dizer que alguns assinantes que não pagavam o
suficiente para serem considerados ‘circulação paga’ passaram a ser
contabilizados. Isso explica o aumento expressivo de 1 mês para o outro e a não
continuidade do crescimento nos meses seguintes”.
E de quanto pode ser o desconto? Segundo o documento do IVC datado de 1º de janeiro de 2018,
no caso de assinaturas digitais, o abatimento passou de até 90% do valor
cobrado das edições impressas.
Diferentemente de vários veículos nos Estados Unidos que são
empresas abertas e com ações negociadas em Bolsa de Valores, no Brasil, os
empreendimentos em mídia são fechados. Por essa razão (e não há nada de errado
nisso), são pouco conhecidos os resultados financeiros –e o impacto que têm as
assinaturas digitais, que crescem, mas resultam em faturamento não tão robusto
como eram as vendas das edições em papel.
Fonte: Poder360
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