Futuro
da publicidade é pautado em experiência, privacidade e inovação
Estudo da
RTB House, em parceria com WGSN, mapeou oito tendências com base nas
transformações do consumidor
Giovana Oréfice
6 de julho de 2021 - 6h00
Dois mil e vinte foi o ano em que o consumidor explorou as
possibilidades que o mundo digital oferece. Segundo o Estadão, a pandemia,
evento que acelerou a descoberta do ambiente virtual, fez com que 7,5 milhões
de brasileiros migrassem para o e-commerce apenas no primeiro semestre do ano
passado, ante a mesma quantidade ao longo de 2019. O dado faz parte do O Futuro
da Publicidade, pesquisa realizada pela RTB House, em parceria com a WGSN, que,
por meio de metodologia de busca por dados secundários, estipulou respostas
para os principais desafios da publicidade no que diz respeito à tecnologia e
inovação.
Em meio a um cenário
tecnológico super avançado, que pede por diferenciação e estratégias bem
estipuladas de comunicação para alcançar os consumidores, é preciso que as
marcas se movimentem. “O mercado está mudando. As marcas precisam rever alguns
conceitos de posicionamento, de como estão se conectando com os usuários e
também escolher os parceiros e empresas que irão utilizar para aplicar
estratégias durante essa jornada e mudança de cenário digital”, aponta André
Dylewski, business development director da RTB House para a América Latina. Com
base nos resultados, o estudo mapeou oito tendências para a publicidade do
futuro: voice ads, experiência ininterrupta, integração no entretenimento,
content & influence marketing, contextual advertising, experiências
multisensoriais, revival dos vídeos e o extrapolamento de plataformas
convencionais.
Com o surgimento de plataformas como o Clubhouse e Capuccino, os espaços dedicados exclusivamente à voz ganham mais notoriedade, o que gera contraste com o senso usual de que a publicidade é unicamente visual. Segundo estudo da Ilumeo realizado no ano passado, o uso de assistentes de voz aumentou 47% na pandemia. Um exemplo levantado pela RTB House e pela WSGN é o Spotify Attention, que leva audio ads entre músicas durante sessões ativas.
Dylewski reforça o comportamento da
geração Z como um dos principais públicos que moldam as experiências
ininterruptas, em que a propaganda deverá estar inserida nos conteúdos de
maneiras que o usuário não precise mudar o foco da ação atual, como acontece
com o live marketing, recurso já utilizado por marcas como Loungerie e Pantys
no Brasil. O consumo de mídia também foi desvendado. No País, os millennials
disparam no consumo de podcasts, streaming, mídia impressa e jogos de console.
As empresas responsáveis pelo “O Futuro da Publicidade” avaliam que os dados
possibilitam a publicidade digital inserida na TV por streaming e a integração
in-game.
“Isso [a experiência
ininterrupta] entra também quando falamos no contexto do usuário, que é parte
muito importante da publicidade e da segmentação contextual”, aponta o diretor
da RTB House. A agência GumGum indica que anúncios contextualmente relevantes geram
43% mais engajamento dos usuários do que os outros tipos, sendo 2,2 vezes mais
lembrados pelos consumidores. Nesse sentido, a RTB House destaca o uso dos
algoritmos de deep learning para alimentar a metodologia de segmentação
contextual para anúncios online.
Como o fim dos
cookies third party impacta o mercado
O artifício é convencional, sobretudo no momento em que a Privacy Sandbox, política do Google de eliminação de cookies de terceiros, está em fase teste para a implantação definitiva. Caminhando ao lado de leis de privacidade implementadas por diversos países, a medida demanda que a publicidade busque outros meios de obter informações para a personalização de anúncios. “Se, por um lado, temos a ajuda da tecnologia para chegar em hiperpersonalizações com cada vez menos dados, também temos um desafio e oportunidade: a humanização dessa criatividade que as marcas estão tendo que desenvolver para conseguir deixar de lado um pouco o modelo que era utilizado através de thrid-party cookies”, explica Lydia Caldana, da WGSN. A movimentação, diz Lydia, ressalta a exigência do consumidor na busca por empresas que sigam valores éticos e de transparência no que diz respeito à coleta e ao manuseio de dados pessoais. “Com todos os novos valores de transparência, horizontalidade e de conveniência do consumidor, as marcas devem saber como apresentar publicidade digital que entregue o que seja relevante aos usuários, mas que esteja atendendo a todos esses valores”, acrescenta Lydia. O estudo “2020 Gartner Consumer Values and Lifestyle Survey” revelou que, entre os millennials, 83% pensam que é importante apoiar empresas que compartilham dos mesmos valores – transitando entre igualdade, lealdade, inclusão e diversidade, em meio a ameaças econômicas, sociais e ambientais. Essa questão também vai ao encontro com o content & influence marketing. Para Dylewski, da RTB, as marcas devem buscar valores em comum com influenciadores para entregar publicidade mais relevante.
Lydia avalia que o segmento
publicitário deve estar presente na vida dos clientes de forma mais autêntica e
integrada, seja no mundo online ou off-line. A pesquisa indica que uma das
tendências que merecem atenção é a criação de metaversos, em que o real e o
digital se fundem, explorando a experiência multisensorial. Ainda que a
modalidade não chegue às massas até 2023, já é muito utilizada em games, por
exemplo. Para extrapolar ambientes convencionais, marcas já se baseiam em em
plataformas diversas para realizar ações. É o caso da MAC, que colaborou,
simultaneamente com o The Sims 4, para a divulgação de produto de maquiagem
virtual, e com o game Tencent, numa coleção física de produtos, que se esgotou
imediatamente após o lançamento.
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