Behavioral
targeting amplia personalização no marketing
A tática, que visa rastrear o comportamento
online de usuários, permite que marcas e veículos individualizem a audiência
Victória Navarro
23 de julho de 2021
Rastrear o
comportamento online de usuários em uma URL ou páginas específicas; por meio de
cookies, determinar o perfil dos visitantes; e, como consequência, oferecer
conteúdo personalizado caracterizam a estratégia behavioral targeting. A tática
permite que marcas e veículos individualizem a audiência, criem campanhas
direcionadas, facilitem a experiência de navegação e saibam por onde seus
possíveis leads trafegam. O behavioral targeting, que utiliza dados de
comportamento de consumo, é capaz de tornar os anúncios mais relevantes para o
público e direciona os holofotes para a segmentação de marketing, cada vez mais
importante entre os profissionais de comunicação. Segundo dados da consultoria
de gestão Brain & Company, divulgados em 2008 pela publicação Havard
Business Review, 81% dos executivos acreditam que o método é crucial no aumento
de lucros. Entretanto, menos de 25% consideram que suas empresas a usavam de
forma eficaz.
O
behavioral targeting dá às marcas a oportunidade de aumentar suas taxas de
cliques, uma vez que um maior número de informações a respeito do cliente
possibilita uma personalização mais assertiva de anúncios, ou seja, a
publicação de comunicações criadas especificamente para diferentes perfis de
consumidores. É, por meio do rastreamento, que as empresas conseguem saber quem
são os usuários que engajam mais com determinados conteúdos. Ademais, com a
tática, o consumidor pode ser atingido pelo remarketing, ao receber
notificações ou lembretes personalizados sobre algum produto ou serviço de seu
interesse. Isso faz com que se anuncie mais de uma vez para o usuário que já
visitou o portal da marca ou demonstrou interesse pela empresa, ao abandonar,
por exemplo, mercadoria no carrinho de compras do site.
Segundo a Brain & Company, 81% dos executivos acreditam que
o behavioral targeting é crucial no aumento de lucros
As DMPs
(Data Management Platforms), plataformas de gerenciamento de dados, monitoram
as páginas mais visitadas pelos usuários, a fim de detectar algum padrão de
comportamento. O tempo dentro de um portal também é levado em conta. Ao
monitorar os cliques em links, as marcas conseguem entender quais anúncios
atraem os consumidores, quais os objetivos dos usuários quando navegam, por
quais produtos se interessam e qual linguagem é a mais correta. As DMPs, ainda,
são capazes de detectar as informações mais exploradas em serviços de busca. O
histórico de compras também é rastreado. Os anunciantes, em alguns casos,
utilizam esses dados para fazer estratégias de up selling — técnica de venda
que busca oferecer um adicional ao produto ou serviço ofertado — e cross
selling — venda de algum produto ou serviço que complementa a compra do
cliente, com base em seus interesses.
Existem
diversas empresas que fornecem dados de comportamento de usuários para ativação
em mídia digital. “A grande maioria utiliza os famosos cookies de terceiros,
para entender esse comportamento, além de metodologias proprietárias para criar
suas audiências”, diz Tiago Vargas, CEO da Navegg, empresa de tecnologia em
soluções de big data, DMP e web analytics. No Brasil, afirma Eduardo Honrado,
diretor de marketing do Grupo Quality Brasil, o uso de behavioral targeting
pelas marcas e pelos veículos tem crescido, sobretudo com o avanço de
importantes e-commerces e marketplaces. Porém, adiciona, há um terreno enorme a
ser explorado: “Existem grandes marcas e veículos que ainda se baseiam nas
segmentações tradicionais, dados demográficos, geográficos e psicográficos,
quase como um desdobramento das ações feitas no off-line. E, basta. Com isso,
perdem a capacidade de otimizar seus investimentos e potencializar o retorno
sob investimento”. O modelo, apesar de ser amplamente conhecido pela indústria,
muitas vezes, não é utilizado pelas agências, afirma Tiago, pois é um pouco
mais elaborado e demanda um conhecimento mais específico. “Para muitos, o
behavioral targeting implica a necessidade de especialistas, tecnologias
caríssimas e profissionais de business intelligence”, complementa Eduardo.
Anunciantes versus publishers
Tecnicamente,
a estratégia de behavioral targeting é muito semelhante para anunciantes e para
veículos, porém, na ativação é diferente. As marcas são mais específicas na
definição das suas audiências, pois querem atingir os usuários que já
interagiram com a marca de forma assertiva e personalizada. “Para os anunciantes,
é uma poderosa ferramenta de segmentação personalizada de conteúdos, isto é,
com uma alta customização da oferta de acordo com cada comportamento de
usuário. Essa ação melhora o aproveitamento do budget e maximiza o resultado de
indicadores-chave de desempenho, como taxa de clique e de engajamento,
diminuição de bounce rate e, claro, aumento das conversões”, explica o diretor
de marketing do Grupo Quality Brasil. Os publishers, por sua vez, precisam
gerar audiências mais genéricas, para atender diversas marcas. “Para os
veículos, é uma forma eficaz de ampliar o seu portfólio de negócios e atrair e
fidelizar clientes, proporcionando um canal robusto que permite comunicações
mais dirigidas, otimizadas e mensuráveis. Isso gera mais receita para os anunciantes,
que, assim, tendem a investir mais. E, em paralelo, para os seus usuários, os veículos entregam
conteúdos, cada vez mais, relevantes”, afirma Eduardo.
Entre os
desafios de implementar uma estratégia de behavioral targeting, estão:
encontrar a melhor tecnologia de rastreamento de dados, já que existem diversas
plataformas disponíveis, inclusive gratuitas, mas, nem sempre intuitivas; a
busca por profissionais dedicados à big data, uma vez que muitos profissionais
de marketing digital não desbravaram este terreno; e como iniciar um plano de
ação baseado nos dados obtidos. “Normalmente esse tipo de tática é mais
complexa, demanda maior tempo e expertise para executar. Por isso, é menos
utilizada”, diz o CEO da Navegg. É preciso definir quais comportamentos a marca
acredita que sejam relevantes para campanhas. Na sequência, determinar como
entender e capturar esse comportamento no mundo digital para ativação. Por
último, implementar a coleta e ativação dessas audiências, entender os
resultados e iterar, seguindo o modelo flywheel — focado em colocar todo
esforço de marca na direção do cliente, para gerar uma melhor experiência em
todos os pontos do contato –, que vem, cada vez mais, tomando o espaço do funil
de marketing.
O mercado
de martechs e adtechs vem aderindo a tática, diz Tiago. Existem tecnologias e
empresas especializadas na captura, gerenciamento e disponibilização de
audiências baseadas em comportamento. “É um caminho sem volta. Vivemos a era
dos dados, portanto, aquele que souber os minerar e utilizar a seu favor, se
destaca. Essas empresas perceberam, rapidamente, a necessidade de
disponibilizar e aprimorar seus recursos de tageamento de usuários e
customização de comunicação e automação. Tudo isso, levando em conta que, nos
dias atuais, quanto mais assertivo o timing e a mensagem, melhor o resultado”,
explica Eduardo. No entanto, com o fim dos cookies de terceiros, adiciona o
executivo da Navegg, a assertividade dessas audiências irá reduzir e as
martechs e adtechs assumirão a missão de evoluir suas soluções, para continuar
entregando audiências comportamentais.
Fonte: Meio&Mensagem