Publishers podem
perder US$ 10 bilhões com corte de cookies
Por que anunciantes
não estão preparados para a nova restrição de dados vindas da Apple e do
Google, segundo o IAB
12 de março de 2021
- 17h59
(*) Por Garett Sloane, do Ad Age
As marcas estão pouco
preparadas para as mudanças na privacidade que irão bloquear dados no marketing
digital, e publishers esperam a perda de bilhões de dólares por causa das novas
restrições impostas pela Apple e pelo Google, de acordo com o Interactive
Advertising Bureau, que emitiu um relatório da declaração anual de dados na
quinta-feira.
O relatório do IAB
diz que uma vez que a Apple e o Google restrinjam os dados do consumidor nos
navegadores e dispositivos, as marcas terão que achar novas táticas de
marketing digital. Enquanto isso, publishers estimam perder US$ 10 bilhões em
receita enquanto a personalização se torna mais difícil online graças à
depreciação dos cookies de terceiros.
“A receita dos
anunciantes está em perigo”, diz Orchid Richardson, vice-presidente do IAB.
“Está em 10 bilhões de dólares, nós estamos prevendo que é o que [os
anunciantes] vão perder, porque nós não conseguiremos mais atingir a audiência
e aproveitar o dado de terceiros, se não chegarmos a uma solução.”
“Marcas eram o grupo
mais despreparado para o fim dos cookies”, diz Richardson. “Elas quase tinham
uma estratégia de ver o que ia acontecer, sentiram que era o problema para
outra pessoa resolver”, acrescentou.
O IAB se tornou o
maior porta-voz da publicidade digital, pressionando por cooperação entre os
maiores stakeholders para criar programas de identidade para repor os antigos
métodos. Essa semana, o IAB sediou o encontro anual de liderança com
palestrantes de plataformas como Google, Facebook e Amazon; companhias de
tecnologia de anúncios como LiveRamp, Magnite, Pubmatic e MediaMath; e marcas
como Unilever, Mastercard, PepsiCo e Ocean Spray.
O relatório de dados
do IAB buscou quantificar quanto dinheiro o mundo dos anúncios online poderia
perder no ano que vem enquanto a Apple e o Google acabam com as práticas de
compartilhamento de dados que emponderaram a internet aberta e a publicidade
por anos.
Semana passada, o
Google anunciou que, quando parasse de utilizar cookies de terceiros, que são
arquivos monitoram usuários da internet dentre seus navegadores, ele não os
substituiria com IDs que dependem de níveis similares de informações pessoais.
Ao invés disso,
haverá “coortes”, que é um método de atingir e providenciar campanhas
publicitárias baseado em grupos de usuários que não são identificáveis
individualmente. A Apple já restringiu o rastreamento em seu “Safari”, e está
prestes a lançar a última atualização do iOS para iPhone, a versão 14.5, que
irá aumentar as barreiras para os marqueteiros acharem usuários através de seus
aparelhos.
Publishers usaram o
compartilhamento de dados para preencher o inventário de publicidades, e marcas
utilizaram dados para direcionar e mensurar os anúncios. O IAB está trabalhando
em diversas respostas que desenvolverão “IDs identificados” que os
publicitários e as marcas poderiam adotar. A conversa no topo da liderança do
IAB se concentrou em torno de novos programas de identidade e o que marcas
podem fazer com dados primários, a informação que eles coletam sozinhos com o consentimento
do consumidor.
“Você será capaz de
pegar dados primários e usar de um jeito seguro para criar segmentos e
audiências, e enviá-las de maneiras que nunca imaginamos ser possível”, disse
Tom Kershaw, diretor de tecnologia no Magnite, a plataforma de anúncios,
durante a conferência.
Na quarta, Nicole
Lesko, vice-presidente de dados, produtos de propaganda e monetização da
Meredith, publicou uma resposta às mudanças de cookie do Google.
“A única surpresa
sobre o anúncio do Google é a resposta da indústria”, disse Lesko. “O Google
indicou que iria nessa direção pelos últimos 15 meses. Os publishers estão
cautelosos em relação a soluções que se baseiam em um endereço de e-mail para
substituir os cookies de terceiros em um espaço programático.
“Deixando os
problemas de escala de lado, um e-mail é determinante e não é facilmente
controlado uma vez que é compartilhado universalmente, independentemente de seu
suposta anonimato”, completa Lesko, se referindo Às preocupações sobre qualquer
produto de ID que depende de informações pessoalmente identificáveis, como
e-mails, que muitos anunciantes têm acesso por meio de usuários conectados.
“Enquanto editores e guardiões daquele endereço de e-mail, o consumidor confia
em nós para mantê-lo seguro em troca da utilização de conteúdo, experiências e
marketing personalizado em nossas propriedades”, disse.
Kershaw, do Magnite,
tem uma opinião parecida. “As decisões da Apple e do [Google] Chrome não
surgiram apenas do nada”, diz ele no topo da liderança. “Foram os consumidores,
o clamor e a preocupação que levou para uma situação diferente, e nós estamos
no controle para reinventar.”
Entretanto, ainda
existem desentendimentos em como reinventar a situação. Lesko deu dicas para os
anunciantes sobre como trabalhar com parceiros de fornecedores de tecnologia de
publicidade, aconselhando-os a não depender de identificadores que ainda passam
informações pessoais como endereços de e-mail dos leitores.
Grandes anunciantes,
que investiram em seus dados primários e os usaram apropriadamente, puderam
compensar a receita perdida, disse Lesko.
Richardson diz que as
marcas também precisarão se ajustar recolhendo o máximo de dados primários que
têm, e não podem depender do lado escuro da publicidade programática para se
conectar com seu público. “As marcas realmente espertas, as direct-to-consumer…
[elas estão] mudando para uma dependência dos jardins murados e aproveitando
isso para conseguir sua audiência”, diz o vice-presidente do IAB. “São as
marcas mais tradicionais que realmente estão pensando sobre, ‘como eu posso
melhorar meus dados primários, que tipo de parceiros eu preciso trazer para me
ajudar a alcançar meu público”.
(*) Tradução: Henrique Cesar Mello
Fonte: Meio & Mensagem
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