A era da publicidade digital sem cookies
Será
preciso se abrir a novas possiblidades, pois já existe um conjunto de soluções
que pode funcionar como ponto de partida, como o uso dos dados do próprio
anunciante (first party)
8 de junho de 2021
Uma
característica implacável do mundo digital é a velocidade com que as transformações
acontecem. Entretanto, algumas mudanças são mais impactantes do que outras. E
esse é o caso do fim dos cookies, que chegou para causar uma verdadeira
reviravolta na publicidade online.
Com as
discussões sobre privacidade em ebulição, grandes players, como Apple e Google,
já anunciaram definições que alteram o uso de dados de seus usuários. Já é fato
que, até 2022, os dados do navegador Chrome não poderão mais ser utilizados por
terceiros.
Até o
momento, esses pequenos arquivos de textos chamados cookies foram essenciais
para identificar e rastrear dispositivos durante a navegação na internet,
servindo como uma fonte inestimável de dados para publishers, anunciantes,
agências e empresas de tecnologia. Muitas técnicas empregadas no meio, como
anúncios programáticos, comunicação sequencial e re-targeting, só são possíveis
graças aos cookies. Todo esse cenário, nos leva ao seguinte questionamento:
como as coisas serão daqui em diante?
Impactos do fim dos cookies
De acordo
com um estudo realizado pela empresa de pesquisa de mercado Emarketer em
outubro de 2020, o fim dos cookies está entre os maiores desafios dos
profissionais de mídia. A grande preocupação é como será possível manter a
performance na mídia digital neste novo contexto. E isso atinge publishers,
anunciantes, agências e o mercado de comunicação como um todo.
Sem os
cookies, o ecossistema dos anúncios precisará ser redesenhado. A partir de
agora, a interação com o usuário precisará ser mais customizada, favorecendo a
criação de audiências relevantes e estratégias de publicidade personalizadas.
Mas não há motivo para pânico, pois, apesar de, até o momento, não existir um
mecanismo capaz de substituir especificamente os cookies, já podemos contar com
alternativas que irão facilitar esse caminho de transição.
Como fica cada lado da moeda
Como vimos,
a publicidade sem cookies interfere tanto na realidade dos anunciantes quanto
dos publishers. Mas vamos separar por partes essas transformações:
Para o lado
da oferta, ou seja, os publishers, criadores do conteúdo e donos de inventário
– o lado mais exposto da moeda, a perspectiva é que ocorra a diminuição da
identificação e match de ads x visitante, o que fará com que o valor do CPM
(Custo por Mil Impressões) despenque, diminuindo também a receita.
Para eles,
será preciso se abrir a novas possiblidades, pois já existe um conjunto de
soluções que pode funcionar como ponto de partida, como o uso dos dados do
próprio anunciante (first party), como uma forma de identificar os usuários e
direcionar anúncios relevantes, valorizando o CPM novamente.
Em parceria
com a prebid.org, a IAB (Interactive Advertasing Bureau) está
desenvolvendo uma taxonomia, que é uma padronização dos dados primários dos
publishers e dos anunciantes, como uma forma estratégica de aumentar os
usuários autenticados e avançar na coleta de dados contextuais e
comportamentais de forma organizada – respeitando a nova política de
privacidade de proteção no uso de dados.
No lado da
demanda, podemos incluir as plataformas de ad tech (Verizon DSP, DV360,
Facebook, entre outras) e os anunciantes. Além desses players não estarem
confiantes em relação à eficácia das novas formas de segmentação, eles estão
sob o efeito negativo da pandemia, que resultou em pausa de campanhas, revisão
de planos e metas não atingidas.
Contudo, as
perspectivas são positivas. Segundo um estudo realizado pela WARC, serviço
global de inteligência de marketing sobre as tendências globais para os
anúncios em 2021, os investimentos em publicidade irão crescer 6.7% neste ano,
e o Digital será o carro-chefe, mesmo com todos os desafios. Esse dado reforça
ainda mais a importância dos investimentos que anunciantes e plataformas devem
se propor a fazer para multiplicar as possibilidades de coleta de dados de seus
consumidores, respeitando as novas normas referentes à privacidade do usuário.
O Match Rash
ou Sync de dados será um dos principais pontos de partida dos anunciantes para
identificação única desse usuário. Uma pesquisa realizada pelo Emarketter em
dezembro de 2020, apontou que 28,5% dos profissionais de marketing acreditam
que o e-mail será um dos principais recursos para atingir esse objetivo, tendo
as DMPs (Data Management Platform) como principal fio condutor.
Por fim, um
grande impulsionador dessa mudança é, sem dúvida, o ecossistema totalmente
conectado e colaborativo entre todas as partes. Afinal, tanto o lado da oferta
quanto o da demanda têm interesses e deveres na formação de uma open web com
maior diversificação de conteúdo publicitário, levando em consideração a
privacidade e a segurança do usuário, como já previa o grande Steve Jobs durante
a All Things Digital Conference, em 2010, com sua fala: “Eu acredito que as
pessoas são inteligentes e que algumas delas querem compartilhar mais dados do
que outras. Pergunte a elas. Pergunte várias vezes. Até que que elas peçam que
vocês parem de perguntar. Deixe-as saberem precisamente o que você irá fazer
com os seus dados.”
Fonte: Meio&Mensagem
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