Jornalistas
são deixados para trás no
declínio
do setor
Uma
estimativa mostra que quase 8.000 empregos foram perdidos na mídia em 2019.
A CJR
estima o número de empregos perdidos em mais de 3.100.
“Existem
muitos esforços para reforçar a mídia impressa e local, mas não existem muitas
estruturas para apoiar os jornalistas que lutam com insegurança ou perda de emprego”.
Em 2019, a imprensa enfrentou novas e
dolorosas rodadas de demissões e fechamentos, do BuzzFeed News ao Gannett, ao GateHouse, ao Times-Picayune, à Vice, à Splinter, entre muitos outros. Publicadoras
inteiras deixaram de existir. Com cada série de demissões, os tweets coletivos e com 1
otimismo pouco convincente de jornalistas recém-desempregados faziam o coração
doer.
Uma estimativa mostra que quase 8.000 empregos na mídia foram
perdidos em 2019. A CJR estima o número de empregos perdidos em mais de 3.100. Testemunhei repórteres
talentosos perderem os empregos e optarem por sair do jornalismo tradicional
–ou da mídia como 1 todo– para que pudessem se sustentar.
Não é só que os jornalistas estão perdendo os empregos. Eles
também são obrigados a trabalhar como freelancers, em regime de meio período, como
contratados ou em bolsas temporárias, enquanto lutam para encontrar ou
permanecer em cargos que ofereçam estabilidade e planos de saúde.
Existem muitos esforços para fortalecer a mídia impressa e local,
mas não há muitas estruturas para apoiar os jornalistas que lutam contra a
insegurança ou a perda de empregos. Existem, é claro, quadros de empregos,
organizações de jornalismo e boletins de empregos, mas muitos dos esforços que
vi foram de pessoas informais ou uma colcha de retalhos de recursos díspares.
Nos debates sobre o futuro da mídia, foi dada mais atenção à
manutenção das empresas vivas do que ao destino das pessoas que perdem seus
empregos. Precisamos desesperadamente de soluções para tornar a mídia
sustentável para o futuro, mas também precisamos atender às necessidades
profissionais, financeiras e psicológicas de jornalistas desempregados.
Eu, pessoalmente, experimentei a turbulência desse setor –ser
demitido de um emprego depois de se mudar, aceitar empregos sem benefícios e
ocupar cargos com tempo limitado. E, como gerente de um projeto colaborativo de larga
escala, acompanho jornalistas parceiros que mudaram de emprego, foram demitidos
ou tiveram a redação fechada. Das centenas de jornalistas que trabalharam no
projeto, agora existem cerca de 200 pessoas na lista de
exclusão. Alguns conseguiram outros empregos no jornalismo, mas outros escolheram carreiras diferentes.
Quando as redações trocam empregados permanentemente, não é apenas
prejudicial para os jornalistas ou perigoso para as comunidades locais e a democracia. Também é
ruim para o ecossistema da mídia como um todo, especialmente porque o
jornalismo depende cada vez mais da colaboração. Projetos como os que eu
trabalho dependem de redações locais, e nossa capacidade de atingir um público
maior e contar mais histórias é dificultada pelo número cada vez menor de
repórteres locais. Quando se trata de colaboração, somos tão bons quanto a soma
de nossas partes.
Receio que a situação não melhore em 2020. Os jornalistas
continuarão perdendo seus empregos e terão que tomar decisões importantes sobre
seus meios de subsistência. Eles continuarão a aceitar empregos sem segurança
ou benefícios, ou tentarão viver como freelancers. Alguns jornalistas deixarão a
mídia para sempre.
Ao escrever sobre a implosão da mídia digital, a colunista de
mídia do Washington
Post Margaret Sullivan alertou no ano passado que “o jornalismo perde uma geração de
talentos diversos”. Há muito mais a ser feito para lidar com a crise no jornalismo e
reconhecer que não é apenas um problema de negócios, mas também um problema de
recursos humanos.
*Rachel
Glickhouse é repórter no ProPublica.
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